Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

10 de dezembro de 2011

Consumo exagerado de carne

Eu não apelo à alimentação exclusivamente vegetariana e abomino os substitutos da carne baseados em soja. Mas pergunto: temos mesmo de comer tanta carne? Porque não comer bifes de 180 g, em vez de 250, 300, ou 400g? Basta aumentar o acompanhamento: ao lado do arroz e/ou das batatas fritas, uma boa fritangada de cebola, pimentos e cogumelos, por exemplo. Porque não diminuir a quantidade de carne num guisado? 150 a 200g por cabeça chegam perfeitamente, é só cortar a carne em pedaços mais pequenos e aumentar a quantidade dos outros ingredientes (pimentos, batatas, cenouras, grão-de-bico, etc.).

As informações que se seguem, assim como a imagem, foram retiradas de um jornal católico alemão:


As contas são fáceis de fazer: cada vez mais pessoas comem mais carne. O seu consumo triplicou a nível mundial, desde 1971, na Ásia quadruplicou mesmo, no espaço de trinta anos. Como nos dizem estudos publicados pela Misereor alemã, as rações exigidas para a criação de animais serão, o mais tardar, em 2050, impossíveis de produzir. "A fim de satisfazermos o nosso apetite por carne, precisaríamos de uma segunda Terra", diz Kerstin Lange, da Misereor.

Actualmente, já se utiliza um terço da superfície agrícola para a produção de rações animais, sem contarmos com as pastagens do gado bovino. 18% das emissões de gases nocivos, nomeadamente, o gás metano, vem da criação massiva de animais. Aviários e viveiros gigantescos produzem quantidades enormes de amoníaco, nitratos, metais e antibióticos que infectam os solos e as águas. E não nos esqueçamos de que a produção de carne exige água sem fim, segundo a FAO, para um quilo de carne de vaca são necessários 15.300 litros.

"Continuar desta maneira deixou de ser uma opção", diz-nos Sarah Wiener (cozinheira austríaca), que se empenha numa criação animal sustentável. Organizações ambientais e a Misereor exigem uma reforma da política agrária da União Europeia, a partir do corte das subvenções para a manutenção de aviários convencionais e outros métodos do género. Através da exportação de carne europeia a preços baixos põe-se, igualmente, em causa a existência de pequenos proprietários africanos, tão necessários ao desenvolvimento e ao combate da fome nos seus países.

"A alimentação não é uma questão do foro privado, a alimentação é uma questão política", diz Sarah Wiener.

90% dos animais destinados à nossa alimentação não sabem o que é viver ao ar livre, vivem apertados, sem hipóteses de se mexerem condignamente, em estábulos iluminados por luz artificial. São cortadas as caudas aos leitões, sem qualquer tipo de anestesia, pois os porcos tendem a comer as caudas dos seus semelhantes, quando se vêem em grande stress por falta de espaço. Só na Alemanha, são anualmente gazeados cerca de 50 milhões de pintainhos, apenas porque nascem com o sexo errado (os machos são os prejudicados porque não servem para a produção de ovos).

Estas práticas da indústria alimentar, não só contradizem o princípio cristão do respeito pela Vida e pela Criação, como contribuem para a fome no chamado Terceiro Mundo.

Sugestão de um colaborador do citado jornal: os cristãos deviam regressar ao hábito de não comerem carne às sextas-feiras. De um ponto de vista global, seria quase irrisório, mas, ainda assim, um começo. Principalmente, os homens deviam repensar a sua alimentação, pois estudos provam que eles comem o dobro da carne das mulheres.

Nota: infelizmente, não encontrei uma palavra sobre o tema na Misereor em língua portuguesa.

4 comentários:

  1. Homem que é homem não bebe leite. Come a vaca!

    :) Desculpe, não resisti.

    Parece-me que tem toda a razão, mas se as coisas em Portugal continuarem nesta direção vamos comer mais acompanhamento e muito menos carne.
    Se comermos batatas sem carne ainda podemos apelidá-las deacompanhamento?

    Cumps.

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  2. Eu sei que a situação está difícil e que se passam coisas que indignam qualquer um (cortes em ordenados, de subsídios, de feriados...) Mas digo-lhe uma coisa: se, por causa da crise, os portugueses tiverem de comer menos carne, desde que não passem fome, não lhes faz mal nenhum à saúde, pelo contrário.

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  3. P.S. Não quero insultar ninguém que faça das tripas coração para continuar a ter uma vida digna. E é verdade que é um pouco diferente prescindir de carne por opção, ou por falta de dinheiro.

    Mas que se come carne demais, isso come!

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  4. O meu registo era o da piada.
    Estava só a brincar com as palavras. Nada de ofensivo se pode encontrar nas suas palavras, nem para mim nem para ninguém.
    Cumps.

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