Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.
4 de janeiro de 2012
Ainda o Peto
Depois de aqui ter publicado a opinião da Maria Manuel sobre este livro, deparei com a da Carla Ribeiro, d'As Leituras do Corvo, que me lembrou uma problemática frequente.
Também a Carla Ribeiro se congratula com o amor que a autora expressa pelos animais. Mas lamenta a forma severa (e, por vezes, um pouco agressiva) com que Paula Cairo se refere aos envolvidos nessa experiência, um sentimento que, por vezes, parece estender-se até a quase toda a humanidade. A impressão que fica é a de que nesses momentos, se julga o todo pelas partes conhecidas, resultando numa visão global negativa (e algo injusta).
Na verdade, muitas das pessoas que se ocupam com animais, um trabalho que muito admiro, ficam com uma visão amargurada dos humanos, ao aperceberem-se das crueldades de que alguns de nós são capazes. Não digo que não será legítimo. Por outro lado, se hostilizarmos demasiado os nossos semelhantes, em nada contribuímos para ajudar os animais. Pelo contrário! Quem, já de si, não possui sensibilidade para este tema, distancia-se cada vez mais, convencido de que os defensores das causas dos animais não passam de fundamentalistas, que põem os interesses dos bichos à frente dos nossos.
É o que acontece, quando se depara, por exemplo, com a notícia de um escritor sul-americano, vencedor de um chorudo prémio (150.000 dólares), que anuncia doar o dinheiro a instituições que se ocupam de animais. Não falta quem diga que na América do Sul há problemas mais urgentes, como crianças com fome, etc. e tal. Ou quando a luta contra as touradas assume proporções ridículas, em que alegados defensores dos direitos do touro chegarem a sustentar a condenação à morte de quem se assume como amante de touradas.
Como diz a Carla Ribeiro, é pena, porque há muito de maravilhoso nas "aventuras" de Peto.
É mesmo pena! Porque, enquanto nós humanos nos ocupamos em extremar as posições, esgrimindo argumentos cada vez mais radicais, quem mais sofre são os próprios animais. Que não têm culpa nenhuma!
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Outro problema do extremar posições é que descredibiliza quem as assume e, pior que isso, desmobiliza ou até provoca a hostilidade a quem "está de fora".
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