Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

24 de janeiro de 2012

Naquele Tempo (2)

Ou: Aspectos menos conhecidos da Idade Média



«Não deixa de ser significativo que o imaginário da poesia de amor explore de preferência a situação de infracção (cultivando o desejo de adultério e ao mesmo tempo apresentando a quebra do segredo amoroso como o pior dos crimes do amante), e que o imaginário da cantiga de amigo ignore por completo os preceitos da moral oficial, que proíbe as relações pré e extraconjugais.
(...)
As cantigas de amigo (...) podem reflectir certos costumes de um grupo humano regido por preceitos menos repressivos, constituído pelos excluídos do casamento solene e estável, mas nem por isso necessariamente impedidos da vida sexual, como seriam os filhos segundos, as raparigas sem dote, os bastardos e bastardas, os cavaleiros sem terra, os jograis, os escudeiros, as soldadeiras, as barregãs...»
(Página 19, Significado erótico dos géneros poéticos)

«O celibato eclesiástico só se impõe como norma geral no século XII (...) e continua a ser esquecido com grande frequência até ao século XVI. O divórcio é previsto e autorizado nos costumes municipais e estes continuam a ser copiados e praticados, sobretudo nas terras do interior, pelo menos até ao século XIV, com a tolerância das autoridades eclesiásticas. A barregania foi provavelmente um costume quase constante na alta Idade Média para os jovens nobres antes do casamento; confundia-se frequentemente com o sacramento de facto em todas as classes sociais, e só foi propriamente combatida quando implicava uniões de cônjuges de condição social desigual e quando envolvia clérigos (depois do século XII) e homens casados legitimamente.»
(Páginas 20/21, A moral clerical e a sua evolução)

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