Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

28 de dezembro de 2012

Naquele Tempo (13)


Estes factos não estancaram a imigração de nobres galegos para Portugal. Este movimento prolongou-se praticamente durante todo o século XII. Observe-se, antes de mais, que a expulsão de Fernão Peres de Trava depois de São Mamede não o impediu de voltar pouco depois a Portugal, para sufragar a alma de D. Teresa, que não sobreviveu muitos meses ao seu exílio na Galiza. Seu irmão Bermudo pode também ter tido conflitos com Afonso Henriques, mas nem por isso deixou de constituir família em Portugal. Apesar destas rivalidades, Afonso Henriques contava na mesma com apoiantes galegos, como os senhores de Toronho e de Límia, cuja colaboração deve ter passado pela homenagem prestada ao príncipe português, o que provocou várias intervenções armadas de Afonso VII para os reduzir à obediência. Por outro lado, [Afonso Henriques] teve como alferes entre 1130 e 1136, e como mordomo-mor entre 1146 e 1159, o nobre galego, filho do conde de Sobrado, Fernão Peres dito Cativo. Tal como os nobres de que falámos anteriormente, com excepção de Fernão Peres de Trava, era certamente um juvenis, um filho segundo, que veio servir o príncipe de Portugal como cavaleiro e depois se tornou membro importante da corte; tornou-se origem de uma linhagem radicada em Portugal, a família de Soverosa, cujos membros desempenharam funções políticas importantes. As suas ligações ao reino de Leão reforçaram-se imediatamente, depois da morte de Afonso Henriques, quando o filho de Fernão Cativo, Vasco Fernandes, que também foi mordomo-mor, foi substituído no seu cargo por Mem Gonçalves de Sousa, o que provocou o seu exílio para a corte do rei Fernando II de Leão, que o nomeou governador de Zamora entre 1186 e 1194. Mas os filhos de Vasco Fernandes continuaram em Portugal, na corte de Sancho I.

Páginas 316/317, A nobreza medieval portuguesa no contexto peninsular

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