Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

11 de fevereiro de 2015

Os Segredos de Jacinta - Excertos (11)



Quando se soube que D. Mafalda tencionava assistir à missa na Sé, foi grande a romaria que para lá se dirigiu. Em dias desses, organizava-se uma ponte de barcas sobre o Douro, a fim de permitir o acesso ao povo vindo de Gaia e dos  povoados adjacentes, uma travessia perigosa, sobretudo para velhos e crianças, havendo sempre vítimas a lamentar.

Naquele domingo cinzento de novembro, o grupo do jogral Francisco Lopes de Braga foi autorizado a atravessar o Douro na barcaça do alcaide Paio Guterres. Jacinta entrava, enfim, no burgo de que tanto ouvira falar desde que nascera. Juntaram-se ao povo que subia a longa escadaria incrustada na colina de granito e que, do cais, dava acesso à Porta das Mentiras.

O burgo, em si, não era grande. As muralhas, construídas em função da catedral e da paróquia que a rodeava, não chegavam a ter uma milha de perímetro, devendo-se a riqueza e a fama do Porto à atividade mercantil que se desenrolava nos cais das duas margens e que envolvia os habitantes de uma vasta região.

Embrenharam-se no labirinto de ruelas e vielas, com os seus cheiros a dejetos. Da Terra de Paiva, Jacinta conhecia os odores da agricultura e dos animais, mas na fetidez própria dos aglomerados urbanos imperavam os excrementos humanos e as águas inquinadas deitadas pelas janelas, ao grito de «água vai». Os detritos acumulavam-se nas vielas, que só secavam completamente no estio. O povo não tinha outro remédio senão enfiar os sapatos e os socos, ou mesmo os pés descalços, na lama malcheirosa.

Não havia dificuldade em encontrar o caminho, já que todos se dirigiam para o Largo da Sé, ansiosos por pousar os olhos na donzela, vinda de uma distância que nenhum deles estava em condições de calcular, a fim de contrair matrimónio com el-rei D. Afonso, tornando-se, assim, na primeira rainha de Portugal, reino de cujas dimensões, aliás, também ninguém fazia ideia.



1 comentário:

Anónimo disse...

Aprecio muito o seu blog. Todos os dias tenho visitado o mesmo e delicio-me com os seus posts. Espero que continue com o bom trabalho.

Cumprimentos

Margarida Fonseca Dias


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