Nunca aqui falei do aniversário da minha cadela, mas hoje a Lucy faz doze anos, o que para um cão já é bastante.
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Com dois meses e meio |
Não é fácil ter um cão em casa. Um cão anda à chuva (mesmo que connosco pela trela), enlameia-se, cava o jardim, etc. Ao entrar em casa, tem de se secar bem sequinho e limpar bem limpinho. Custa tempo e dedicação.
Enquanto é novo, o cão não sabe que não se roem móveis, mantas e tapetes. É preciso muita paciência e ser consequente. Não nos devemos, porém, esquecer que, para o cão, também é difícil adaptar-se às regras humanas. É um trabalho de equipa (como tudo o resto; os cães trabalham sempre em equipa), que não se faz sem arregaçar as mangas. Desistir, porém, está fora de questão! É crime abandonar um cão, ou mantê-lo preso durante todo o tempo, numa qualquer casota, para que não nos dê trabalho, além da comida. Os cães sofrem muito sozinhos, estão geneticamente programados para relações sociais e o tal trabalho de equipa. E lembrem-se de que o cão não pediu para ir para vossa casa, foram vocês que o levaram! Como em tudo na vida, não devemos fugir às nossas responsabilidades!
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Ainda com dois meses e meio |
E porque haverá, então, alguém de levar um cão para casa? Há muitas razões, passando por um reaprender a Natureza por seres (os humanos) que se afastaram dela. Para mim, uma das razões principais é porque o cão nos ensina o que é a verdadeira amizade e o verdadeiro companheirismo (atrevia-me o a dizer o verdadeiro amor, mas é algo incompreensível para quem nunca se dedicou a animais). Com um cão, nunca é preciso fazer as pazes, depois de uma "discussão", porque as pazes já estão feitas, automaticamente. Depois de ralharmos com um cão e ele ter apresentado aquele olhar triste e submisso, sentamo-nos no sofá e ele deita-se a nosso lado como se nada fosse, sem rancores, nem exigências de pedidos de desculpas. Parece dizer-nos: se pertencemos juntos, porque haveremos de estar com coisas dessas? Um cão não admite uma separação da família a que pertence, nunca há nada de tão grave que justifique tal! Nunca estamos sozinhos, com um cão em casa, mesmo quando estamos sozinhos. Claro que podemos ver televisão, para passar o tempo, entretermo-nos com o computador, ou, se tivermos carências emocionais, afagar um peluche. Mas nenhuma dessas possibilidades nos transmite calor corporal e nos olha nos olhos. Um cão comunica!
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Com cinco meses |
Com doze anos, a Lucy ainda se encontra em muito boa forma. Ainda é capaz de nos desafiar para um jogo de bola, depois de uma caminhada de uma hora. A idade nota-se mais nos dentes e nos olhos. Já perdeu três dos incisivos (que são muito pequeninos, nos cães) e os molares estão muito gastos. Os dentes, porém, não me preocupam muito. Sendo um animal doméstico, ela não precisa de se defender de outros animais, nem de caçar, nem de rasgar carnes duras, ou ossos, para se alimentar. Se for preciso, até lhe fazemos papas. Os olhos já me angustiam um pouco. Estão a turvar-se, assim um género de cataratas (que se veem muito bem, se a luminosidade estiver de feição).
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Não parece, mas é brincadeira.
Já viram que ela tem a pata na boca do outro? ;-) |
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Amizade canina :-) |
Foi já em Janeiro passado que estive a última vez no veterinário, por causa das vacinas. Não precisei de lá voltar e, em princípio, só o farei no início do próximo ano. Nessa última consulta, ele disse que realmente os olhos se estavam a turvar, mas ficou-se por essa constatação. Noto, no entanto, um grande avanço, principalmente, no olho esquerdo. Não sei se o veterinário vai aconselhar uma operação, da próxima vez. A questão é: ela ainda viverá tempo suficiente para ficar cega? Se não, talvez não compense sujeitá-la à operação. O facto de ela ainda estar em forma, porém, leva-me a supor que ainda poderá viver três ou quatro anos. E aí...
Veremos! Hoje, desejo-lhe um Feliz Aniversário! Parabéns, Lucy!
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Fotografia tirada no Verão |