Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

30 de outubro de 2015

E já lá vai uma dúzia!

Nunca aqui falei do aniversário da minha cadela, mas hoje a Lucy faz doze anos, o que para um cão já é bastante.

Com dois meses e meio
Não é fácil ter um cão em casa. Um cão anda à chuva (mesmo que connosco pela trela), enlameia-se, cava o jardim, etc. Ao entrar em casa, tem de se secar bem sequinho e limpar bem limpinho. Custa tempo e dedicação.

Enquanto é novo, o cão não sabe que não se roem móveis, mantas e tapetes. É preciso muita paciência e ser consequente. Não nos devemos, porém, esquecer que, para o cão, também é difícil adaptar-se às regras humanas. É um trabalho de equipa (como tudo o resto; os cães trabalham sempre em equipa), que não se faz sem arregaçar as mangas. Desistir, porém, está fora de questão! É crime abandonar um cão, ou mantê-lo preso durante todo o tempo, numa qualquer casota, para que não nos dê trabalho, além da comida. Os cães sofrem muito sozinhos, estão geneticamente programados para relações sociais e o tal trabalho de equipa. E lembrem-se de que o cão não pediu para ir para vossa casa, foram vocês que o levaram! Como em tudo na vida, não devemos fugir às nossas responsabilidades!

Ainda com dois meses e meio
E porque haverá, então, alguém de levar um cão para casa? Há muitas razões, passando por um reaprender a Natureza por seres (os humanos) que se afastaram dela. Para mim, uma das razões principais é porque o cão nos ensina o que é a verdadeira amizade e o verdadeiro companheirismo (atrevia-me o a dizer o verdadeiro amor, mas é algo incompreensível para quem nunca se dedicou a animais). Com um cão, nunca é preciso fazer as pazes, depois de uma "discussão", porque as pazes já estão feitas, automaticamente. Depois de ralharmos com um cão e ele ter apresentado aquele olhar triste e submisso, sentamo-nos no sofá e ele deita-se a nosso lado como se nada fosse, sem rancores, nem exigências de pedidos de desculpas. Parece dizer-nos: se pertencemos juntos, porque haveremos de estar com coisas dessas? Um cão não admite uma separação da família a que pertence, nunca há nada de tão grave que justifique tal! Nunca estamos sozinhos, com um cão em casa, mesmo quando estamos sozinhos. Claro que podemos ver televisão, para passar o tempo, entretermo-nos com o computador, ou, se tivermos carências emocionais, afagar um peluche. Mas nenhuma dessas possibilidades nos transmite calor corporal e nos olha nos olhos. Um cão comunica!

Com cinco meses
Com doze anos, a Lucy ainda se encontra em muito boa forma. Ainda é capaz de nos desafiar para um jogo de bola, depois de uma caminhada de uma hora. A idade nota-se mais nos dentes e nos olhos. Já perdeu três dos incisivos (que são muito pequeninos, nos cães) e os molares estão muito gastos. Os dentes, porém, não me preocupam muito. Sendo um animal doméstico, ela não precisa de se defender de outros animais, nem de caçar, nem de rasgar carnes duras, ou ossos, para se alimentar. Se for preciso, até lhe fazemos papas. Os olhos já me angustiam um pouco.  Estão a turvar-se, assim um género de cataratas (que se veem muito bem, se a luminosidade estiver de feição).

Não parece, mas é brincadeira.
Já viram que ela tem a pata na boca do outro? ;-)

Amizade canina :-)
Foi já em Janeiro passado que estive a última vez no veterinário, por causa das vacinas. Não precisei de lá voltar e, em princípio, só o farei no início do próximo ano. Nessa última consulta, ele disse que realmente os olhos se estavam a turvar, mas ficou-se por essa constatação. Noto, no entanto, um grande avanço, principalmente, no olho esquerdo. Não sei se o veterinário vai aconselhar uma operação, da próxima vez. A questão é: ela ainda viverá tempo suficiente para ficar cega? Se não, talvez não compense sujeitá-la à operação. O facto de ela ainda estar em forma, porém, leva-me a supor que ainda poderá viver três ou quatro anos. E aí...

Veremos! Hoje, desejo-lhe um Feliz Aniversário! Parabéns, Lucy!

Fotografia tirada no Verão

28 de outubro de 2015

Cinco Anos!


O Andanças está de parabéns, completa hoje cinco anos. E eu espanto-me como se aguentou! Fico orgulhosa por o ter conseguido, mas é claro que também o devo a todos os visitantes, comentadores, ou não.

O Andanças está longe der ser um dos blogues mais visitados da blogosfera portuguesa. Mas igualmente me espanta o ter criado um pequeno grupo de leitores fiéis. Pelo menos, assim sou levada a pensar, já que o número de visualizações por semana mantém-se estável, entre as 600 e as 800. Agradeço do fundo do coração a essas pessoas.

Por vezes, há picos de audiência, passando das mil visitas, um fenómeno que costuma estar relacionado com a menção do Andanças num outro blogue, o que leva muita gente a clicar por curiosidade. Também a esses blogueiros os meus sinceros agradecimentos!


Vou continuar a escrever sobre as minhas leituras, história, psicologia, animais e outros temas que ache interessantes. E, no próximo ano, haverá, pelo menos, uma novidade: assinalarei efemérides históricas, à medida que se verifique o seu aniversário. Claro que essas efemérides estarão centradas à volta dos tempos de Dom Afonso Henriques e de Dom Dinis, mas haverá outras (aliás, todas medievais). Tive essa ideia, ao considerar a quantidade de notas, apontamentos e cronologias que já produzi, a partir das minhas pesquisas. Reunir tudo isso, porém, a fim de apresentá-las no dia certo, dá bastante trabalho. Por isso, começarei só a partir de Janeiro.


Mais uma vez, muito obrigada a quem se digna vir aqui ler aquilo que escrevo!


Nota: A primeira fotografia representa o Castelo de Guimarães, as outras foram tiradas em Warwick, Inglaterra. Todas fazem parte da minha coleção pessoal. 




21 de outubro de 2015

É hoje, é hoje!




21 de Outubro de 2015! 

Foi precisamente nesta data que Marty McFly e Doc Brown chegaram ao futuro, no segundo filme da saga Regresso ao Futuro. O filme foi estreado em 1989 e é interessante ver quais as previsões que se cumpriram e as que não:

Atacadores automáticos:

Criou sensação, na altura, a cena dos ténis com os atacadores automáticos. Ainda não se tornaram comuns, mas a Nike registou uma patente destas no passado mês de Abril e está previsto os ténis serem lançados no mercado no fim deste ano. Aguardemos!

Skate Hoverboard e carros voadores:

Fez as delícias de todos os jovens da altura, o Sakteboard voador usado por Marty numa das cenas mais famosas e empolgantes do filme. O sonho, porém, ainda não se tornou realidade, embora já haja firmas a investir no seu desenvolvimento. Assim como em carros voadores. É famosa a frase que Doc Brown diz no final da primeira parte da saga, quando se preparam para viajar para o futuro: «Estradas? Para onde vamos, não precisamos de estradas». Ai não?

Outdoors holográficos:

Em 2015, o Marty McFly dos anos 1980 assusta-se, quando, num outdoor anunciando a 19ª parte do Tubarão, um desses animais gigantescos, de repente, sai da tela. A tecnologia para projetar hologramas tridimensionais já existe, mas ainda não está vulgarizada, muito menos, em outdoors.

Ecrã plano e videochamadas:

Marty admira-se por, na sua casa do futuro, haver ecrãs planos em várias paredes, algo que aliás já é realidade (embora não nessa quantidade em todos os lares). Também se espantou com as videochamadas. Hoje em dia, nada mais natural, em qualquer smartphone ou iPad. E, maravilha das maravilhas: hoje não ficamos de boca aberta, ao vermos ver no display a informação de quem nos telefona, antes de atendermos a chamada!


O filme, porém, falhou uma grande previsão, hoje tão infiltrada no nosso quotidiano, que já não imaginamos a vida sem ela: a internet!

Já agora, menciono algo a que acho imensa piada: há uma cena em que Marty olha para uma montra que anuncia “velharias” e vemos lá um ecrã de computador novinho em folha… Para nós, na altura! Hoje, ao ver o filme, surge-nos como verdadeira sucata.


19 de outubro de 2015

A Citação da Semana (83)

Pedir desculpa a alguém implica ter consideração por essa pessoa. Tem de se construir espaço para o perdão, só quando há arrependimento, ou vontade de reconciliação, se pode perdoar. Tudo o resto é estéril, indigno.



© C. Torrão


17 de outubro de 2015

Refugees welcome!




A Alemanha tinha calculado receber 750.000 refugiados, durante este ano, mas, na verdade, já passaram de um milhão. Só no mês de Setembro entraram 200.000. Por isso, entristece-me que, em Portugal, muita gente seja contra o acolhimento de cerca de 5.000. Claro que a Alemanha tem melhor situação económica, mas também há pobreza neste país. E não acho que o facto de haver gente com necessidades, dentro das fronteiras, seja motivo para recusar ajuda a quem dela precisa. Como se sentiriam esses portugueses se, em caso de guerra, tivessem de fugir com os seus filhos, procurando abrigo noutra terra e lhes fechassem as fronteiras com o pretexto: temos aqui muitos problemas! Ou: quem nos diz que no meio de vocês não se encontram terroristas?

Muita dessa gente que se declara contra é a mesma que culpa a Europa pelas mortes dos migrantes no Mediterrâneo. Gritam indignados que já não há humanismo… E onde está o seu humanismo, neste caso? Somos um país com tradições migrantes, muitos dos nossos compatriotas viveram ilegais, no estrangeiro. São considerados com admiração. Mas o que vale para uns deve valer para outros. Se fechar as fronteiras a portugueses é um escândalo, fechá-las a outros povos não pode ser aceitável, muito menos recomendável!

A política de aceitação de refugiados da Merkel deixa muita gente descontente, a chanceler debate-se com bastante oposição, alguma vinda do seu próprio partido. E todos sabemos que na Alemanha há neonazis e xenofobia – aliás, como em todo o lado. No entanto, a sociedade civil tem-se mobilizado, a fim de apoiar os refugiados e de neutralizar a ação da extrema-direita.


A campanha Refugees welcome traduz-se em várias iniciativas. Nos estádios de futebol exibem-se cartazes. E muita gente resolve dar horas de trabalho de graça, depois de sair do emprego, indo para centros de acolhimento receber as pessoas e distribuir bens de primeira necessidade até altas horas da noite.





Na estação de rádio que costumo ouvir, qualquer ouvinte pode enviar uma mensagem pelo Whatsapp, inspirada no tema Refugees Welcome. De vez em quando, interrompe-se a emissão, a fim de transmitir uma dessas mensagens, que vão desde as pessoas que se expressam contra o racismo, passando pelas que contam o que fizeram para ajudar, até aos próprios refugiados que, vivendo aqui há alguns meses, já arranham um pouco de alemão e exprimem o seu agradecimento. Gosto particularmente destas mensagens. Por vezes, são difíceis de perceber, mas o que conta, neste caso, é promover a aproximação entre os povos.

Portugal adora promover a sua língua. Não gostariam de ouvir sírios a arranhar o português, expressando o seu agradecimento e elogiando o nosso país e os portugueses? Penso que nesta, como noutras situações, perdemos, no fundo, uma boa oportunidade de nos expandirmos e autopromovermos.