Depois de várias semanas de pausa, retomo as
publicações no blogue. A pausa não foi 100% voluntária, eu não pretendia estar
tanto tempo sem publicar, mas as férias em Portugal nunca me dão grande tempo
para escritas.
Para esta rentrée,
escolhi a opinião sobre o livro Insanidade,
de André Arrátel Torrão, um jovem oriundo da freguesia transmontana do Lombo,
concelho de Macedo de Cavaleiros, e que é meu parente afastado.
Penso ser esta a sua obra de estreia e tenho a dizer
que me despertou muito interesse. Nota-se uma habilidade nata do autor para
contar uma história, com bom ritmo narrativo e a criação de suspense. Eu situaria este livro no
chamado romance gótico. André Torrão soube criar uma atmosfera muito
interessante e invulgar, dando-me a sensação de estar a ler um conto dos Irmãos
Grimm para adultos.
A
ação situa-se algures no século XIX, numa povoação imaginária. Mortimer
O'Donoghue, o fidalgo local, sem pais nem irmãos e viúvo pela segunda vez, procura
noiva, gerando agitação nas famílias da aldeia. Depois de escolhida a rapariga,
Melissa Jones, prepara-se um casamento cheio de pompa e
circunstância.
Mortimer esconde, porém, um segredo familiar terrível
e, logo no dia do casamento, Melissa nota que a mansão onde passará a viver
encerra algo de estranho em si. O segredo vai-se revelando aos poucos, também
em flash-backs com cenas da infância de
Mortimer, deixando a moça cada vez mais surpreendida e receosa. O leitor segue
em suspenso o desenrolar dos acontecimentos.
Apesar de toda a vida Mortimer ter sido marcada por
uma violência fora do comum, serve de alegoria para os segredos que as famílias
encerram no seu seio, alegoria constatada na altura em que Melissa diz ao
marido: «a tua família não era nada daquilo que eu julgava», ao que ele
responde: «nenhuma família é o que parece».
André Arrátel Torrão revela talento e espero que continue a escrever.
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