Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

28 de novembro de 2017

Infância

Vladimir Vogelov


a infância
que súbita asa
me devolve esta alegria casta
de senti-la?

longínquo eco a ressoar
na fascinação da lembrança

dispo as vestes deste reino
para onde me transmigrei...
[ingénua utopia!]
e regresso
para poder abraçá-la
e merecê-la, por um dia.

sujar os bibes brunidos
desprezar os sapatos de verniz
trepar às árvores, aos muros
não ouvir o que avó diz.
esfolar um joelho no chão
perseguir gatos e pássaros
como fazia meu irmão
a gastar a infância
até ao último sopro da ilusão.

mas tu és menina
e uma menina não… e não…
e não… e não…

regresso,
para poder abraçá-la
para lhe pedir perdão.

Lídia Borges
(publicado em 15 de Fevereiro de 2015, no blogue Searas de Versos)
 

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