Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

3 de setembro de 2012

A minha prima São

A minha família é bastante numerosa. Do lado do meu pai, éramos catorze primos. Agora, somos treze. Porque a São morreu.

São  * 10/12/1956  + 28/08/2012

Como tantas vezes acontece, os contactos entre primos tornam-se escassos, com o passar do tempo. Mas há pessoas com quem não precisamos de contactar frequentemente para ficarmos contentes ao saber que estão bem e sentirmos a sua falta, quando desaparecem.

Por razões que aqui não vêm ao caso, a São e a irmã Rosário passaram vários meses em nossa casa, no longínquo ano letivo de 1972/73. No meu 7º aniversário, tinha-me sido oferecido um diário, mas ainda não sabia o que fazer com ele. A São disse-me que era bom ter um diário, onde podemos escrever tudo aquilo que nos apetece: o bom e o mau; o que nos alegra e o que nos põe triste. E não descansou, enquanto eu não lhe cedi uma página.

Apesar de só começar a escrever as minhas peripécias em 1977, enchi o diário. E, ao encontrá-lo, nestes dias, constatei que ele sobreviveu quatro décadas. A página da São também:





 Para que recordes sempre a tua prima muito amiga e todos os momentos alegres que passámos neste ano de 73.
Quando um dia leres este teu diário poderás ler estas palavras e por isso recordar-me sempre!...
Felicidades pela tua vida fora.

São os votos da priminha amiga: São

Gaia - 23-2-73








Também encontrei uma fotografia desses tempos. Da direita para a esquerda, a São (com dezasseis anos), a Rosário (dezoito) e eu (sete).



A São deixa muitas saudades a muita gente, para não falar do marido, dos três filhos (a mais nova tem dezoito anos), dos pais, dos irmãos e dos sobrinhos.

Recordo, ainda, o pequeno gira-discos das minhas primas. O disco mais tocado, enquanto estiveram connosco, terá sido o álbum Abraxas, de Carlos Santana, nomeadamente, o eterno Samba Pa Ti. Eu gostava de observar o movimento rotativo do enorme disco de vinil, que era maior do que o aparelho que o punha a funcionar, saía pelas bordas. Mas tocava. E ainda hoje, ao som das notas iniciais de Samba Pa Ti, eu me lembro de quando tinha sete anos e a São e a Rosário estavam em nossa casa.

Para que recordes sempre a tua prima muito amiga.

Nunca te esquecerei, São. Ninguém te esquecerá!



13 comentários:

  1. Aqueles que de entre todos se tornam eternos, são os que pelos melhores motivos, permanecem na nossa memória.

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  2. Lamento muito não ter conhecido esta senhora, pelo que já ouvi falar dela, era uma MULHER EXTRAORDINÁRIA.
    Tenho o prazer de conhecer a filha mais nova e é uma menina maravilhosa.

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  3. Maria Manuel Vinhas19/09/12, 09:28

    Obrigada prima pela homenagem aqui feita à minha mãe, as palavras serão sempre insuficientes para descrever o que sentimos ...Teremos sempre uma saudade infinda de alguém que para nós é um Anjo, um beijinho, Mané (Filha mais velha da São)

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  4. Ainda bem que por aqui passaste, Mané, com palavras tão bonitas. Não temos tido contacto, mas lembro-me bem de ti, em pequenina.
    Um grande beijinho.

    Mimi, obrigada por deixar aqui o seu testemunho.

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  5. Quanta saudade, Cris...Desses tempos puros e sãos e dela, da São. Há um vazio imenso que nada nem ninguém preenche. Esperemos que "O Tempo esse Grande Escultor", como lhe chamou Marguerite Yourcenar nos ajude a trabalhar essa saudade.
    Um beijo grande.

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  6. Muitas saudades, sim. Os anos passam e nem damos conta...
    Beijinhos, tomem conta de vocês!

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  7. Fiquei emocionada por recordar aqui a Sãozinha, com a imagem como eu a conheci(e à Rosário, também). Não a vi mais... mas ficou-me este rostinho para sempre gravado na memória, o de uma doce menina que jamais envelheceu.

    (Uma antiga companheira de estudo, no Porto)

    Lucília Ramos

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  8. Ando há dois anos e meio pela blogosfera e ainda pasmo com o alcance da internet!
    Obrigada, Lucília, por ter passado por aqui e falado na São. Muito obrigada.

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  9. Manuela Ramos21/09/12, 17:13

    Com um carinho muito grande e especial te recordo dos tempos do "colégio do Porto" - a Sãozinha, a minha companheira de dormitório que dormia lado a lado comigo...naquele "Sidónio"!

    Há quanto tempo! E que saudades!

    Num breve amanhã seremos UNO com o PAI, e aí... nos CÉUS DE LUZ, acontecerá o nosso reencontro!

    Até lá...a saudade por uma menina tão linda, que se cruzou na minha vida, em tempos...

    Até lá... querida Sãozinha!

    Manuela Estrela Ramos - irmã gémea de Lucília Ramos ( Nela e Cila )

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  10. Tem razão, Manuela, a São foi apenas mais cedo do que nós.

    Obrigada.

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  11. Foi bom ler este texto... Aquela pagina de diario tao tipicamente da Sao... Como dezenas de paginas e cartoes que tive o prazer de terem sido escritos para mim. Tocou a minha vida, e alegra-me que tenha tocado a dos meus filhos... Fomos e somos todos privilegiados... A saudade sera sempre a mesma...
    Obrigada por esta imagem da minha tia e da minha mae.

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  12. Joana, que boa surpresa! É bom saber que gostaste.
    Um beijinho grande até à Irlanda, felicidades para todos, aí.

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