Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.
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13 de dezembro de 2017

Escrita


Extrato de uma entrevista dada à Joana Dias do Páginas com Memória, nos idos de 2012:

Que conselho daria a quem decida enveredar pela área da escrita?

Se não consegue conceber a sua vida sem escrever, não desista! É preciso insistir muito para se conseguir publicar, não se deixando abater pelas recusas.

Seja disciplinado e exigente. Enquanto não estiver satisfeito com o texto, corrija-o, nem que sejam mil vezes! Se não gosta de alguma passagem, ou de alguma cena, mas pensa: «não faz mal, vai mesmo assim, no conjunto mal se nota», está a seguir o caminho errado!

Se não lhe ocorre melhor solução para a passagem, ou a cena, problemática, apague-a! Não tenha problemas em apagar, mesmo que doa. Li, uma vez, que o melhor amigo do escritor é o cesto dos papéis.

Não espere enriquecer com a escrita! Um número ínfimo de escritores consegue viver da escrita, os que enriquecem são ainda menos.



13 de agosto de 2012

Entrevista (10)

Extrato da entrevista dada ao Destante, conduzida pelo Manuel Cardoso:


MC- A Cristina é formada em Língua e Literaturas Modernas. Mas ao ler o seu D. Dinis julguei tratar-se de alguém com formação em Psicologia. Quer comentar?

CT- Sempre me interessei por Psicologia e só não tirei esse curso porque tinha de enveredar pela parte de Ciências, a partir do 10º ano, para a qual não me sentia vocacionada, sempre preferi as Letras, apesar de ter sido boa aluna a Matemática. Fiz bem, porque uma coisa é interessar-se por Psicologia, outra é exercer a profissão de psicóloga, duvido que tivesse estofo para isso. Mas leio muito sobre o tema, fascina-me saber porque é que as pessoas são como são e reagem como reagem.

Pegando no caso de D. Dinis, a História diz-nos que ele foi um rei sábio e justo e que foi atormentado, na última fase da sua vida, por um filho ingrato, que ousou provocar uma guerra civil contra o próprio pai. Como é que o infante D. Afonso dá um desgosto desses a um pai tão bom, sendo, ainda, filho de uma mulher tão piedosa, que foi canonizada? D. Dinis e D. Isabel estarão, de facto, livres de responsabilidades, isto é, tiveram apenas o azar de ter um filho mau, rancoroso e ciumento? Eu não acredito em acasos, em “azares” desses. Em tudo o que escrevo, dou um grande ênfase às relações entre os personagens. Nada mais me irrita, num romance, do que ler que este ou aquele personagem fez isto ou aquilo, apenas porque sim. Ou porque calhou. Nada do que fazemos é por acaso.

3 de junho de 2012

Entrevista (9)

Excerto da entrevista dada à Joana Dias do Páginas com Memória:

Sente-se na sua obra uma vontade de mostrar o lado mais humano de cada personagem, isto é propositado? Qual a sua real intenção?

Trata-se do meu principal objectivo. Pela sua obra e pela distância no tempo, essas personagens históricas tornaram-se mitos, seres especiais, mesmo divinos. Mas eram humanos, como todos nós. Eu também não sei como eram, apenas chamo a atenção para esse facto, ao dotá-los de conflitos interiores e emoções.

Mudando um pouco de tema, qual dos seus livros lhe deu mais prazer escrever?

Bem, como já disse antes, a minha época preferida é o século XII. Por um lado, por ter marcado o início da nacionalidade. Por outro, porque me parece “mais medieval”. Embora o século XIII ainda pertença a esse período, D. Dinis nasceu já na segunda metade e já há uma certa transformação, o embrião daquilo que desembocará no Renascimento. Acho os séculos anteriores mais românticos, costumo dizer que gosto mais de cotas de malha do que de armaduras. As cotas de malha têm um toque sensual, adaptam-se ao corpo de quem as usa, apesar de serem de ferro e pesadíssimas. Mas são como renda, um rendilhado de ferro. Acho as armaduras, tipo carapaça, simplesmente horríveis. Por isso, gostei realmente mais de escrever sobre D. Afonso Henriques do que sobre D. Dinis, que foi, aliás, uma sugestão da editora. Embora eu ache que evoluí na linguagem, o que me faz pensar que o último romance (D. Dinis) está mais bem escrito.
Depois, há o aspecto de escrever sobre uma personagem histórica e uma fictícia. Livros como A Cruz de Esmeraldas, ou o que iniciei agora, dão mais liberdade, o enredo tem mais hipóteses de se desenvolver por si próprio. Escrevendo sobre um rei, tenho de me sujeitar a um percurso de vida “programado”, o que nem sempre é fácil, pois vejo-me na situação de arranjar uma lógica para atitudes que, às vezes, se me afiguram difíceis de explicar.


Ler a entrevista completa aqui e aqui.

30 de abril de 2012

Entrevista (8)

Extracto da entrevista dada ao Destante:


MC- Quer fazer-nos uma comparação entre o panorama editorial português e o alemão? Os alemães publicam e lêem mais que nós?

CT- Publica-se muito mais, mas considere que a Alemanha tem 80 milhões de habitantes. E o mercado de língua alemã engloba ainda a Suíça e a Áustria. Nas devidas proporções, o número de publicações deve ser semelhante. O que eu acho é que aqui se publicam muito mais livros informativos (não ficção) sobre todos os assuntos possíveis e imaginários. Em Portugal, traduzem-se mais autores estrangeiros e publica-se mais ficção. Aqui, uma pessoa quer um livro sobre jardinagem e descobre logo umas dezenas, ou até, centenas. O mesmo se passa com todos os temas que imaginemos, seja religião, viagens, medicina natural, psicologia, animais, etc. Se eu quiser ler algo sobre cães, por exemplo, basta-me ir a uma livraria, nem precisa de ser grande, para encontrar, pelo menos, uns 30 títulos diferentes, ainda divididos em subgrupos: educação dos cachorrinhos, treino de cães de caça, informações sobre as raças, doenças caninas, o cão sénior, eu sei lá… E tudo muito actual, nada de livros antigos, com informações ultrapassadas. Além disso, a um preço acessível. Os livros em Portugal são mais caros, sim, e ganha-se menos. Por isso, acho que os alemães estão mais bem informados, têm mais cultura geral. Por outro lado, não me parece que leiam mais clássicos, por aqui também se adora a chamada literatura light.

13 de abril de 2012

Entrevista (7)

Extracto da entrevista dada à Joana Dias do Páginas com Memória:

Iremos ter mais livros seus versando este mesmo tema? Já existem planos para o próximo? Podemos saber algo sobre a figura histórica?

Sim, ficarei neste tema, nomeadamente, no século XII, a época de D. Afonso Henriques, a que mais me fascina. Interessa-me também o povo comum, pergunto-me que impacto tiveram nele acontecimentos como a Batalha de Ourique, a Conquista de Lisboa, ou mesmo o desastre de Badajoz. Felizmente, nos últimos anos, têm surgidos livros sobre a vida privada, como “Naquele Tempo”, do Prof.José Mattoso, ou a “História da Vida Privada em Portugal”, projecto em que participam vários historiadores. O meu próximo livro não terá uma personagem histórica, como principal (como aliás já aconteceu em A Cruz de Esmeraldas), mas alguém que se vê envolvido nos acontecimentos que se deram entre os anos 1138 e 1147. Foi uma época incrível, cheia de mudanças! É esse vibrar, essa espécie de revolução, que eu tenciono reavivar, porque, ao aprendermos a História, é tudo muito seco, do tipo: em 1139, deu-se a Batalha de Ourique; em 1147, D. Afonso Henriques conquistou Santarém e Lisboa. Apenas assim, como se estivesse tudo planeado. Não estava. As pessoas envolvidas não faziam ideia de como essas aventuras iriam acabar, nem sequer nos sarilhos em que se iam meter. Os movimentos que provocaram devem ter sido impressionantes. Imagine a Joana que vivia no Porto, em 1147, e que, um dia, começavam a chegar, ao cais da ribeira, naus cheias de cruzados! Apenas um pormenor, na História, que, no entanto, representou o mudar de vidas inteiras.

Ler a entrevista completa aqui e aqui.

6 de março de 2012

Entrevista (6)

Extracto da entrevista dada à Joana Dias do Páginas com Memória:

Qual dessas grandiosas personagens históricas a impressionou mais, e porquê?

Pelos motivos mencionados, D. Afonso Henriques. D. Dinis foi um grande rei, mas “limitou-se” a dar continuidade à obra do pai. D. Afonso III tinha posto ordem no reino, fazendo muitas reformas legislativas. E, apesar de não ser poeta, foi ele que introduziu o trovadorismo na corte. D. Afonso Henriques iniciou algo de novo, fundou uma nacionalidade, que, quase 900 anos depois, ainda existe.

E alguma delas a decepcionou do ponto de vista humano? Ou isso não aconteceu?

No geral, não me decepcionaram, pelo contrário: a partir dos factos históricos, julgo ter descoberto facetas sensíveis que ninguém supunha. Mas, já que falamos nisso, penso que D. Dinis me decepcionou um pouco na maneira como lidou com o seu filho e herdeiro. Nessa época, educavam-se as crianças de maneira diferente e era inclusive de bom-tom que monarcas mantivessem uma certa distância, não mostrando os seus sentimentos. Mas não teria ele maneira de evitar que o filho se empenhasse tanto na sua luta contra o pai? Porque beneficiou ele tanto o seu ilegítimo, Afonso Sanches? Penso que, no conjunto da sua obra magnífica, essa foi uma grande falha do Rei Lavrador.



Ler a entrevista completa aqui e aqui.

19 de fevereiro de 2012

Entrevista (5)

Extracto da entrevista dada à Joana Dias do Páginas com Memória:

Depois de tudo o que aprendeu durante as pesquisas que efectuou, para escrever os seus livros, com que ideia ficou dessas figuras da nossa história?

Tanto D. Afonso Henriques, como D. Dinis, são homens perfeitamente enquadrados nas épocas em que viveram. Nem D. Afonso Henriques foi sanguinário e violento demais, nem D. Dinis tão mulherengo como se diz. Ambos foram inteligentes, corajosos e bons diplomatas, mesmo o primeiro rei. Marcaram uma época, são, sem dúvida, os dois monarcas mais importantes da nossa Idade Média. Para isso, também contribuiu o facto de os seus reinados terem sido longos. D. Afonso Henriques é mesmo um caso notável de longevidade, podemos concluir que gozava de uma saúde de ferro. D. Dinis teria sido vítima de excessos que, na época, não se sabia fazerem mal, pois não havia análises ao sangue, nem se media a tensão arterial. Era poeta, mais um homem de relações pessoais e de gabinete; D. Afonso preferia a acção, mas eu acho que também foi um homem sensível, com, aliás, se nota no meu livro.

Ler a entrevista completa aqui e aqui.

20 de janeiro de 2012

Entrevista (4)

A Joana Dias já publicou a 2ª parte da conversa/entrevista, resultante da troca de emails entre mim e ela. Aqui, um extracto:

- Alguma vez sentiu aquele assomo da página em branco ou é algo que flui naturalmente?
Até agora, tem fluido tudo muito naturalmente. Um romance escreve-se aos poucos, cena a cena. Quando começo a escrever uma cena, já sei como vai acabar, mas os pormenores surgem na altura da escrita. Às vezes, é difícil fazer a ponte de ligação entre as cenas. E o romance histórico, como eu o escrevo, tem ainda a dificuldade de se apresentarem os factos de forma sucinta, sem se tornarem maçadores. Tenho de fazer uma selecção muito precisa daquilo que vale a pena ser dito, prescindindo daquilo que, apesar de ser interessante, pode começar a maçar. Nem sempre fico satisfeita com o resultado. Principalmente, no romance do D. Dinis, tive problemas, devido à quantidade de leis, reformas e medidas que o Rei Lavrador decretou e pôs em prática.

18 de janeiro de 2012

Entrevista (3)

Por vezes, há coincidências destas. Depois de, há dois dias, Iceman ter exprimido a sua opinião sobre D. Dinis, a quem chamaram o Lavrador, a Joana Dias do Páginas com Memória publicou hoje o resultado da sua troca de emails comigo. Na primeira parte desta conversa/entrevista, fala-se, entre outros temas, do meu fascínio pela Idade Média, da minha opinião pessoal sobre as figuras dos meus romances, se alguma delas me decepcionou do ponto de vista humano e, ainda, de qual dos livros me deu mais prazer escrever.

3 de agosto de 2011

Nas Entrelinhas - Star-FM

A rubrica Nas Entrelinhas, da Rádio Star-FM, de 2 de Agosto, incluiu uma pequena conversa comigo, acerca do livro Afonso Henriques - o Homem. Tentei trazer para aqui a gravação, mas não consegui. Para quem quer ouvir, clicar aqui e escolher na lista (para já, está em primeiro lugar, pois foi a última transmissão).



1 de agosto de 2011

Entrevista (2)

É já amanhã, 2 de Agosto, que vai ser transmitida a minha entrevista à Rádio Star-FM, sobre Afonso Henriques - o Homem. A rubrica chama-se Nas Entrelinhas, a entrevista pode ser ouvida às 8h 40m e às 9h 40m.

26 de julho de 2011

Entrevista (1)



A propósito de o romance Afonso Henriques - o Homem servir de apoio à divulgação da Viagem Medieval, a realizar em Santa Maria da Feira, de 28 de Julho a 7 de Agosto, dei uma entrevista à Rádio Star FM, a transmitir na terça-feira, 2 de Agosto, às 8h 40m e às 9h 40m (programa Nas Entrelinhas).