Excerto da entrevista dada à Joana Dias do Páginas com Memória:
Sente-se na sua obra uma vontade de mostrar o lado mais humano de cada personagem, isto é propositado? Qual a sua real intenção?
Trata-se do meu principal objectivo. Pela sua obra e pela distância no tempo, essas personagens históricas tornaram-se mitos, seres especiais, mesmo divinos. Mas eram humanos, como todos nós. Eu também não sei como eram, apenas chamo a atenção para esse facto, ao dotá-los de conflitos interiores e emoções.
Mudando um pouco de tema, qual dos seus livros lhe deu mais prazer escrever?
Bem, como já disse antes, a minha época preferida é o século XII. Por um lado, por ter marcado o início da nacionalidade. Por outro, porque me parece “mais medieval”. Embora o século XIII ainda pertença a esse período, D. Dinis nasceu já na segunda metade e já há uma certa transformação, o embrião daquilo que desembocará no Renascimento. Acho os séculos anteriores mais românticos, costumo dizer que gosto mais de cotas de malha do que de armaduras. As cotas de malha têm um toque sensual, adaptam-se ao corpo de quem as usa, apesar de serem de ferro e pesadíssimas. Mas são como renda, um rendilhado de ferro. Acho as armaduras, tipo carapaça, simplesmente horríveis. Por isso, gostei realmente mais de escrever sobre D. Afonso Henriques do que sobre D. Dinis, que foi, aliás, uma sugestão da editora. Embora eu ache que evoluí na linguagem, o que me faz pensar que o último romance (D. Dinis) está mais bem escrito.
Depois, há o aspecto de escrever sobre uma personagem histórica e uma fictícia. Livros como A Cruz de Esmeraldas, ou o que iniciei agora, dão mais liberdade, o enredo tem mais hipóteses de se desenvolver por si próprio. Escrevendo sobre um rei, tenho de me sujeitar a um percurso de vida “programado”, o que nem sempre é fácil, pois vejo-me na situação de arranjar uma lógica para atitudes que, às vezes, se me afiguram difíceis de explicar.
Ler a entrevista completa aqui e aqui.
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