Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.
Mostrar mensagens com a etiqueta Neve. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Neve. Mostrar todas as mensagens

10 de janeiro de 2024

Neve

Apesar de ser no Norte do país, a zona onde vivo não é a mais fria da Alemanha, pois beneficia da influência do Mar do Norte. Já se sabe que as chamadas zonas continentais são mais de extremos. É raro, por aqui, haver as grandes camadas de neve que se conhecem dos Alpes, ou de outras zonas montanhosas da Europa Central, por ironia, bastante a sul de Hamburgo. Vivo numa região plana, semelhante aos Países Baixos. Também no Norte da Alemanha se têm de construir diques, mas mais por causa do rio Elba. Sendo já muito largo, a partir de Hamburgo, ele estender-se-ia sem controlo pelas planuras do seu caminho até à foz, a cerca de 90 km desta cidade portuária.

Isto não quer dizer, claro, que não seja frio. As temperaturas negativas são normais, nesta altura do ano, mas raramente descem abaixo dos -5ºC, ao contrário do que acontece nas montanhas a sul. Costuma, porém, haver pouca neve. Muitas vezes, estamos abaixo de zero, sem neve, nem geada, uma situação interessante, em que o solo congela. Quem tem jardim, pode verificar isso perfeitamente.

Por acaso, neste Outono/Inverno, tem havido bastante neve. Sei que também está frio em Portugal, mas, como na maioria do nosso país não há neve, nem congelam os lagos dos parques, resolvi partilhar algumas imagens que tenho captado, em Stade, nos últimos tempos, e que reuni neste vídeo. Viel Spaß!


 

15 de dezembro de 2011

Centenário

O post A Conquista do Pólo Sul atingiu a lista dos cinco mais lidos na barra lateral. Presumo que tenha acontecido à custa das buscas do Google, pois fez ontem exactamente 100 anos que o norueguês Amundsen se tornou no primeiro ser humano a atingir esse pedaço de Terra (ou de gelo). Mas a sua conquista foi ensombrada pela tragédia do inglês Robert Scott. Vi, na terça-feira, um documentário actual (data de 2011), na ZDF, sobre o tema. E tornei a verter lágrimas. É uma tragédia humana e animal incrível. Mas o programa era muito objectivo e dei-me conta dos erros sucessivos de Scott.


Enfim, não deixa de ser o meu herói. Porque tenho um fraco pelos britânicos. E porque, como se disse no documentário, ter escrito um tão belo diário. O de Admunsen nem se compara!

20 de julho de 2011

A Conquista do Pólo Sul

A sua «corrida contra-relógio» com o inglês Robert Scott, que Amundsen acabou por vencer ao chegar em primeiro lugar à meta, às três da tarde do dia 14 de Dezembro de 1911, é uma das aventuras mais admiráveis do século XX. Amundsen e Scott protagonizaram um duelo inesquecível. No entanto, a bandeira que ficou no extremo mais austral da Terra foi a norueguesa». In Gayban Grafie.

Sim, foi o norueguês quem ganhou. Mas, para mim, o herói foi o vencido: Robert Scott. A sua amargura é visível na fotografia que, ainda assim, a equipa inglesa tirou, para a posteridade, quando atingiu o Pólo Sul, em Janeiro de 1912, e constatou que tinha perdido a corrida.

Scott é o do meio, atrás

Robert Scott embarcou na aventura, deu o tudo por tudo, mas não conseguiu chegar em primeiro lugar. Nada mais lhe restava do que regressar, depois de tirar a fotografia. Essa viagem de regresso prova que se pode viver o inferno num dos lugares mais frios do mundo. Vi uma série televisiva, já há muitos anos, em que se dava conta da luta daqueles homens, pelo meio de tempestades de neve e temperaturas gélidas, usando um equipamento longe de ser eficaz. Tinham milhares de quilómetros a percorrer e teriam de o fazer antes de começar o Inverno antárctico, em Março.

As forças foram faltando, o frio e as tempestades de neve surgiram mais cedo do que o esperado, membros da equipa morreram pelo caminho. Um desgaste incrível, não só físico, como psicológico. Quando já só restavam Robert Scott e dois companheiros e se encontravam a apenas 11 milhas de uma estação de reabastecimento, os três estavam esgotados, já só se mexiam por instinto, como se fossem tele-comandados. Montaram a tenda no meio de uma tempestade, deitaram-se aconchegados uns nos outros... E nunca mais se levantaram.

Impressionante são as últimas linhas que Scott escreveu no seu diário, a muito custo, quando se apercebeu de que os seus dois companheiros, encostados a ele, um de cada lado, já haviam partido deste mundo. Essas últimas linhas incluíam uma carta a sua mulher, Kathleen Scott. O casal tinha um filho de apenas três anos.





"Dear it is not easy to write because of the cold — 70 degrees below zero and nothing but the shelter of our tent — you know I have loved you, you know my thoughts must have constantly dwelt on you and oh dear me you must know that quite the worst aspect of this situation is the thought that I shall not see you again."


A tenda só foi encontrada vários meses mais tarde, depois do Inverno austral, que acaba em Setembro. E só o foi por sorte, pois estava quase completamente soterrada pela neve. Os três cadáveres estavam congelados lá dentro. As mãos de Robert Scott ainda seguravam a caneta e o diário.

A descrição minuciosa da aventura, as fotografias, todo o drama foram assim recuperados para a Humanidade.

28 de dezembro de 2010

Inverno (II)

Anos a fio pedia-se por aqui um Natal branco. Claro que costuma nevar no Inverno, mas, na época de Natal, não vinha nada. O norte da Alemanha, por ser muito plano e pela proximidade ao Mar do Norte, tem pouca neve, se compararmos com o sul montanhoso (a Baviera, os Alpes). E entre 2000 e 2008 nevava tão pouco, que já se dizia que "não se faziam Invernos como antigamente".

No Inverno passado, a neve veio um pouco tarde, a partir de Janeiro. Mas veio em força. Este Outono/Inverno veio mais cedo... e com mais força ainda.


Agora, anda toda a gente cheia de neve. Quem não precisa de viajar, pode gozar a paisagem. Mas nos aeroportos e nas estações de caminho-de-ferro instalou-se o caos e muita gente viu-se obrigada a passar lá o Natal. Além disso, muitas estradas (e auto-estradas) estão intransitáveis, a neve é tanta, que nem a protecção civil cá do sítio, habituada a Invernos rigorosos, consegue normalizar a situação.



E também para quem está em casa as coisas começam a complicar-se. O lixo, por exemplo, não é recolhido, pois os camiões ficam atolados. Além disso, uma pessoa começa a encher-se de limpar neve às pazadas todos os dias para poder entrar e sair de casa.

Num lago gelado, fotografei estes patinhos, que se vêem obrigados a andar em vez de nadar. O que, diga-se de passagem, não será grande problema para eles, pois, mesmo sem virem carradas de neve, a situação verifica-se quase sempre, nesta altura.




Enfim, resta-nos a possibilidade de apreciar o cenário. E, como os alemães costumam dizer: "Der nächste Sommer kommt bestimmt" (o próximo Verão vem de certeza). Esperemos então por ele...





 

26 de dezembro de 2010

Espírito de Natal

Há quem se alegre com a aproximação do Natal, há quem fique deprimido. Uma das desvantagens de viver no estrangeiro é aquele sentimento de não se pertencer verdadeiramente a lado nenhum. Muitas vezes, a viagem "à terra" acaba em decepção, quando certos parentes fazem questão de nos mostrar que, a partir do momento em que escolhemos um outro lugar para viver, dificilmente nos voltaremos a integrar no círculo íntimo. Pergunto-me de que terão medo...




Mais uma vez, fiquei na Alemanha, até porque não gosto de andar de avião (e este ano até arriscava passar o Natal no aeroporto). Mas o jantar da Consoada não me saiu bem. É no que dá, experimentar receitas novas em dias destes...

No dia de Natal, a Lucy começou a mostrar sinais de impaciência logo às oito da manhã. Lá me levantei e fui dar a volta habitual com ela, ainda antes do pequeno-almoço. Estavam dez graus negativos, as ruas desertas, a neve acumulada em todos os cantos e eu com aquele vazio... Mas onde estava o espírito de Natal?  Porque se esquecia ele de mim?

Ao longe, vi o dono de um cão que conheço de vista, a passear com o dito cujo. Quando nos cruzámos, em vez do habitual "Guten Morgen" (bom dia), saiu-me: "Frohe Weihnachten" (Feliz Natal). O homem olhou-me surpreendido, mas logo abriu um grande sorriso e respondeu: "Danke, gleichfalls" (obrigada, igualmente).

Continuei o meu caminho, sentindo-me mais quente por dentro, como se tivesse bebido um café ou um chá reconfortante. Acho que foi por fazer alguém sorrir. Alguns metros mais à frente, apercebi-me de que se aproximava um ciclista, por trás de mim. Há muitos ciclistas por aqui, eu própria ando muitas vezes de bicicleta. Mas, com este frio... Ainda por cima, o passeio tinha apenas uma faixa estreita limpa de neve. Ainda pensei: não me desvio, o passeio é para os peões, ele que mude para a rua. Mas a rua estava  escorregadia. E era Natal. Parei, cheguei a Lucy a mim e deixei espaço para o ciclista passar. O homem abriu um grande sorriso e disse qualquer coisa como: "Mas que simpatia! Muito obrigado." Tive que sorrir também, ao responder: "De nada".

Quando cheguei a casa, o Horst já tinha preparado o pequeno-almoço: o café quentinho, o pão torrado e estaladiço, a manteiga... Falámos sobre os presentes que tínhamos trocado no serão anterior. A sensação reconfortante tomava cada vez mais conta de mim, preenchendo o vazio...

Afinal, ele lembrou-se de mim, o espírito de Natal!



1 de dezembro de 2010

Inverno



O Inverno chegou ao nosso jardim. Está um frio de rachar, mas digam lá que não é bonito!

E a Lucy já vai farejando o Natal...