Da autoria de Rui Hebron, publicado no Jugular:
"É certo: há nostálgicos e há espertalhões que defendem seja o que for desde que sirva para manter o seu negócio. O que não há, entre as elites, é desinformados. Sabia-se o que era a RDA e sabe-se o que são Cuba, China, Síria, Arábia Saudita ou Irão. E, em caso de dúvida, temos o senso comum. Em que direcção fugiam os alemães? Isso diz tudo. Corriam do leste para ocidente e não ao contrário, assim como agora há quem vá de sul para norte, também por razões de liberdade, de justiça, de guerra e fome. Se nas escolas se explicasse a fundo em que direcção os povos fugiram ao longo dos tempos, talvez houvesse menos mal-entendidos e mais prevenção perante certos profetas."
(Clicar no link para ler o texto completo).
Não resisto a completar estas afirmações com palavras do escritor cubano Leonardo Padura, a propósito do seu livro O Homem que Gostava de Cães (Porto Editora, 2011):
"O meu livro mostra como a União Soviética, a partir da época de Estaline, sofreu um acelerado processo de dogmatização, de perversão, que acabou por converter o país numa autocracia onde só Estaline decidia. Não decidia só o que acontecia na União Soviética, decidia o que acontecia no resto dos partidos comunistas do mundo. Quem não correspondia a essa ortodoxia ficava de fora".
"O sentido de perda de identidade, de perda de independência, de perda de espaço para se poder pensar, para se poder decidir, é um dos elementos mais dramáticos desta perversão da utopia socialista, que tinha como princípio criar uma sociedade onde houvesse o máximo de liberdade com o máximo de democracia. Digo o mais dramático porque não devo dizer o mais terrível; o mais terrível é o que matou mais de 20 milhões de pessoas".
"... o Partido Comunista Cubano trata de afastar-se do que significou esse modelo, trata de propor um modelo social e económico diferente. Como vão conseguir fazê-lo, e se a burocracia vai permitir que esse afastamento seja possível ou não, é algo que só o futuro dirá. Mas é evidente que mesmo os mais altos dirigentes cubanos se deram conta de que tinham cometido um grande erro ao importar um sistema que já vinha doente, que já estava pervertido."
Boa associação a destes dois textos, de Hebron e Padura. É uma verdade histórica, a movimentação dos povos, a migração, a fuga, por motivos de condições de vida que põem em causa a própria dignidade humana.
ResponderEliminar:)
Hoje fugimos do capitalismo selvagem que se instalou no seio da europa e pretende castigar os povos mestiços.
ResponderEliminarAntónio, o que queres dizer com "castigar os povos mestiços"? Referes-te às consequências da globalização?
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