Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

16 de março de 2012

865 Anos da Conquista de Santarém (2)

Já me habituei a deparar com situações insólitas, ou com as obsessões humanas, nos textos do Exilado. Aqui, ele juntou as duas coisas. E a expressão escrita em árabe deu o toque final. Digamos que a conquista de Santarém, sem a sua vertente árabe, não é a mesma coisa...


Foi bom?

por Exilado no Mundo



Talvez fruto de uma maturidade conferida pelos seus já quase 40 anos de idade, o mesmo Afonso que em tempos tivera o descaramento de lutar contra a sua própria mãe, começava agora a dar mostras de uma sensibilidade — ou insegurança, quem sabe — que anos antes teria sido difícil de se lhe reconhecer.
Depois de conquistado o castelo escalabitano, Afonso tomou para si a moura mais encantadora do imenso grupo de jovens desamparadas e recolheu com ela aos seus improvisados aposentos. Seria natural que, após uma noite na qual saciou a seu bel-prazer as mais profundas necessidades de homem no ativo, Afonso recompusesse as vestes, colocasse a espada à cintura e saísse para reunir as tropas. Os preparativos com vista à grande conquista de Lisboa, já a poucas dezenas de léguas de distância, assim o exigiam. 
No entanto, na hora de se afastar do circunstancial leito de conquistas íntimas, Afonso hesitava. E contemplava a bela moura ainda deitada, qual troféu arrebatado pelo lado pessoal deste multifacetado e bem-sucedido conquistador. Mas para Afonso não bastava. Precisava de saciar no espírito aquela que ultimamente se tornara uma dúvida tão frequente quanto a sua necessidade de satisfação corporal.
Os seus parcos conhecimentos em língua árabe nem por sombras lhe permitiam questionar a jovem moura — e menos ainda entender o que quer que ela lhe pudesse responder. Por gestos, tornava-se ainda mais difícil. Restava-lhe uma única possibilidade. Mandou chamar o especialista em língua árabe e transmitiu-lhe a pergunta que deveria ser feita. De imediato, o tradutor, sem grandes rodeios, inquiriu-a: كان من الجيد؟
Afonso nem precisou de esperar pela tradução da resposta. O afirmativo menear de cabeça da jovem e o generoso sorriso que lhe acompanhou o gesto foram mais do que suficientes para o seu necessário esclarecimento. Afonso sentiu-se mais confiante do que nunca.

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3 comentários:

  1. :)

    Uma história com uma perspectiva diferente da da anterior...
    Não menos válida em se tratando de criatividade e imaginação.

    :)

    Bj

    Olinda

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  2. Olá, foi necessário o tradutor do google :)mas não sei como, já me tinha surgido isso na ideia...

    muito belo!

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