Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.
29 de novembro de 2012
Tradição Oral Europeia
Este ano, comemoram-se os 200 anos da publicação dos contos dos irmãos Jacob e Wilhelm Grimm. Alexandre Parafita, escritor, etnógrafo e professor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), acredita que muitos dos contos dos irmãos Grimm, publicados na Alemanha em 1812, eram já conhecidos em Portugal: «Correm ainda hoje muitas variantes de contos dos Grimm nos meios rurais transmontanos transmitidas por idosos iletrados que afirmam terem-nas ouvido aos seus avós, igualmente iletrados».
Note-se que os famosos irmãos alemães não foram os autores dos contos. Mas dedicaram-lhes quase toda a sua vida. Na verdade, eles percorreram a Alemanha de lés a lés, durante vários anos, com o objetivo de reunir, numa publicação, os contos que ouviam contar ao povo e que passavam de geração para geração, na tradição oral. E, como quem conta um conto acrescenta-lhe sempre um ponto, os contos tinham várias versões, conforme as zonas. Os irmãos Grimm uniformizaram-nos, umas vezes, adotando a versão mais usada, outras vezes, dando, eles próprios, o seu contributo.
Não se sabe a origem dos contos. Mas o facto de ainda hoje correrem «muitas variantes de contos dos Grimm nos meios rurais transmontanos», prova algo que acho fascinante: que existia uma tradição oral europeia, antes de as pessoas começarem a ler livros. Os contos teriam sido transmitidos, não só de geração para geração, mas de região para região, abrangendo grandes espaços europeus.
Via Blogtailors
27 de novembro de 2012
Leitor no Brasil (e outras boas notícias)
Fui contactada por email por um cidadão brasileiro, perguntando-me como poderia adquirir A Cruz de Esmeraldas. Não estando o livro à venda no Brasil e não querendo ele efetuar pagamentos online, acabei por lho enviar pessoalmente.
Que eu saiba, é o meu primeiro leitor brasileiro e, mesmo que fique o único, deixou-me muito feliz, pois não contava encontrar interesse pelos meus livros do outro lado do oceano. Agradeço, do coração, o seu interesse e espero que goste da leitura!
E, já que estou em maré de boas notícias, aproveito para dizer que o Andanças atingiu e ultrapassou, pela primeira vez, a barreira das 1000 visualizações numa semana. Deve ter a ver com a sugestão de leitura do Pedro Correia. Obrigada, Pedro!
Também no passatempo se nota a maré favorável. E, como o Natal já não está tão longe como isso, premiarei igualmente o email nº 25, se lá chegarmos...
Obrigada a todos!
Que eu saiba, é o meu primeiro leitor brasileiro e, mesmo que fique o único, deixou-me muito feliz, pois não contava encontrar interesse pelos meus livros do outro lado do oceano. Agradeço, do coração, o seu interesse e espero que goste da leitura!
E, já que estou em maré de boas notícias, aproveito para dizer que o Andanças atingiu e ultrapassou, pela primeira vez, a barreira das 1000 visualizações numa semana. Deve ter a ver com a sugestão de leitura do Pedro Correia. Obrigada, Pedro!
Também no passatempo se nota a maré favorável. E, como o Natal já não está tão longe como isso, premiarei igualmente o email nº 25, se lá chegarmos...
Obrigada a todos!
25 de novembro de 2012
Como enviar o meu original para uma editora
Há editores que avaliam obras pela leitura da primeira
linha e há outros que só o fazem analisando a obra inteira de um autor
minuciosamente. Os métodos diferem e nenhum deles garante o sucesso, da mesma
forma como, em princípio, nenhum dita o seu fracasso.
Hugo Xavier dá, no Edição
Exclusiva, conselhos a candidatos a autor, baseando-se na sua própria
experiência.
- Por muito que seja boa educação, evitem as cartas
manuscritas de apresentação. Nós editores temos geralmente a vista cansada de
ler.
- Não enviem textos impressos com corpo de letra 10 ou
menor, sem linhas de separação e com uma mancha de texto visualmente agressiva.
- Não enviem textos impressos com tipos de letra
originais e divertidos, Times New Roman, Garamond, Windsor, letras clássicas e
de fácil leitura. Sobretudo nunca enviem textos impressos em Comic Sans.
Para
quem se interessa pelo tema, aconselha-se a leitura do artigo
completo.
23 de novembro de 2012
Passatempo XI
Está a aproximar-se mais um aniversário da morte de D. Afonso Henriques e resolvi iniciar um novo passatempo, cujo prémio é um exemplar do romance Afonso Henriques - o Homem. Os participantes terão de responder a três perguntas, atavés de email, para andancas@t-online.de. Os emails vão sendo numerados por ordem de chegada e o vencedor terá o número correspondente ao dia do mês em que faleceu o nosso primeiro rei.
As três perguntas são as seguintes:
1 - Em que data (dia/mês/ano) faleceu D. Afonso Henriques?
2 - Onde foi sepultado?
3 - Como se chamava a esposa de D. Afonso Henriques?
Respostas aqui.
O passatempo encerrará às 24:00 horas do próximo dia 2 de Dezembro. O resultado será apresentado no dia seguinte.
Boa sorte!
As três perguntas são as seguintes:
1 - Em que data (dia/mês/ano) faleceu D. Afonso Henriques?
2 - Onde foi sepultado?
3 - Como se chamava a esposa de D. Afonso Henriques?
Respostas aqui.
O passatempo encerrará às 24:00 horas do próximo dia 2 de Dezembro. O resultado será apresentado no dia seguinte.
Boa sorte!
21 de novembro de 2012
O livro debaixo do braço
A fim de celebrar a memória de José Saramago, no dia em que faria 90
anos, a Fundação com o nome do escritor organizou uma série de eventos, em Lisboa (no Porto, há mais). O
grupo de teatro Éter recriou algumas passagens do romance Memorial do Convento,
em frente à Casa dos Bicos, e Jorge Baptista da Silva cantou árias de
Domenico Scarlatti, o compositor da corte de D. João V, a que a obra de
Saramago se refere, num espetáculo dirigido por Vera Barbosa.
Tenho pena de não poder participar. Saramago é o nosso único Nobel da Literatura, a sua memória deve ser acarinhada. Mas houve, no meio de eventos tão louváveis, uma iniciativa que achei descabida: convidavam-se os amantes de Saramago e Fernando Pessoa a saírem com o livro O Ano da Morte de Ricardo Reis debaixo do braço, a fim de partilharem e discutirem a sua leitura, pelas ruas.
A ideia da partilha é igualmente louvável. Mas confesso que essa coisa de sair com o livro debaixo do braço me soa pretensiosa, na medida em que cultiva um certo elitismo. Além disso, é suscetível de ser aproveitada por gente que nunca leu uma linha dos dois escritores para se armar em intelectual. E, quem participa na homenagem, não deixa de discutir a obra do Nobel, com ou sem livro debaixo do braço.
Expressei essa opinião no Horas Extraordinárias. Caiu-me em cima o Carmo e a Trindade, muito por responsabilidade da autora do blogue, que me expôs, à custa de um erro ortográfico. E tudo por causa de uma comentadora que, com 4/5 anos, gostava de fingir saber ler, história que a autora do blogue, elle-même, considerou «simples, bonita e despretensiosa» (despachando três adjetivos de uma assentada).
Fico sempre desiludida quando pessoas com responsabilidades acrescidas se rendem a bajuladores. Já por várias vezes estive para desistir de frequentar o Horas Extraordinárias, mas acabei sempre por ceder. Aprecio alguns comentadores. E ajuda-me a manter-me informada sobre a atividade editorial e livreira.
Agora, é definitivo: não mais incomodarei as almas sensíveis que vagueiam por aquele blogue!
Tenho pena de não poder participar. Saramago é o nosso único Nobel da Literatura, a sua memória deve ser acarinhada. Mas houve, no meio de eventos tão louváveis, uma iniciativa que achei descabida: convidavam-se os amantes de Saramago e Fernando Pessoa a saírem com o livro O Ano da Morte de Ricardo Reis debaixo do braço, a fim de partilharem e discutirem a sua leitura, pelas ruas.
A ideia da partilha é igualmente louvável. Mas confesso que essa coisa de sair com o livro debaixo do braço me soa pretensiosa, na medida em que cultiva um certo elitismo. Além disso, é suscetível de ser aproveitada por gente que nunca leu uma linha dos dois escritores para se armar em intelectual. E, quem participa na homenagem, não deixa de discutir a obra do Nobel, com ou sem livro debaixo do braço.
Expressei essa opinião no Horas Extraordinárias. Caiu-me em cima o Carmo e a Trindade, muito por responsabilidade da autora do blogue, que me expôs, à custa de um erro ortográfico. E tudo por causa de uma comentadora que, com 4/5 anos, gostava de fingir saber ler, história que a autora do blogue, elle-même, considerou «simples, bonita e despretensiosa» (despachando três adjetivos de uma assentada).
Fico sempre desiludida quando pessoas com responsabilidades acrescidas se rendem a bajuladores. Já por várias vezes estive para desistir de frequentar o Horas Extraordinárias, mas acabei sempre por ceder. Aprecio alguns comentadores. E ajuda-me a manter-me informada sobre a atividade editorial e livreira.
Agora, é definitivo: não mais incomodarei as almas sensíveis que vagueiam por aquele blogue!
20 de novembro de 2012
Bula "Manifestis Probatum"
Já aqui e aqui falei na dificuldade de atribuir uma data para a independência de Portugal. Acrescente-se que uma situação dessas não é anormal, tendo em conta que estamos a lidar com a Idade Média, uma época em que ainda não se entendiam as nacionalidades como hoje em dia. Não existiam fronteiras definidas e o poder estava na mão de potentados regionais, que, em determinadas circunstâncias, conseguiam alargá-lo, ousando ignorar a autoridade de reis e imperadores. Afonso Henriques não foi caso único na Europa, ou na Cristandade, como se dizia. A haver uma entidade superior, seria a Santa Sé, mas mesmo essa se revelou dúbia, durante décadas, quanto ao caso português.
Só no Verão de 1179, D. Afonso Henriques terá segurado nas mãos o reconhecimento oficial da independência de Portugal. O papa Alexandre III emitiu a Bula Manifestis Probatum a 23 de Maio de 1179 e, tendo em conta as viagens morosas daquela época, essa prova documental terá chegado à corte coimbrã, na melhor das hipóteses, cerca de dois meses mais tarde, ou seja, na segunda quinzena de Julho.
D. Afonso Henriques estava, em 1179, velho e muito debilitado. Tinha cerca de 70 anos e já há dez que se encontrava incapacitado, na sequência do desastre de Badajoz. Parece certo que não se conseguia mover pelos próprios meios, o que lhe deixaria os músculos muito fracos e ele próprio estaria mais sujeito a doenças e infeções. Ainda assim, só morreria a 6 de Dezembro de 1185, constituindo um caso raro de longevidade, na época, sobretudo, considerando as circunstâncias em que viveu os seus últimos 15 anos.
A chegada da Bula Manifestis Probatum à corte portuguesa deve ter sido um momento muito emocionante para o velho monarca.
Como referido, D. Afonso Henriques só viria a falecer seis anos mais tarde, a 6 de dezembro de 1185. Foi sepultado no mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, no mesmo local em que a sua esposa, D. Mafalda, já repousava há quase trinta anos.
Com este post, encerro a série dedicada a D. Afonso Henriques, que percorreu as etapas mais importantes da sua vida. Quem quiser lê-las, pode clicar na etiqueta Citando Afonso I. Quem tiver um e-reader, iPad, iPod ou equivalente, fique atento: no início de Dezembro, haverá uma surpresa!
Só no Verão de 1179, D. Afonso Henriques terá segurado nas mãos o reconhecimento oficial da independência de Portugal. O papa Alexandre III emitiu a Bula Manifestis Probatum a 23 de Maio de 1179 e, tendo em conta as viagens morosas daquela época, essa prova documental terá chegado à corte coimbrã, na melhor das hipóteses, cerca de dois meses mais tarde, ou seja, na segunda quinzena de Julho.
Imagem daqui |
A chegada da Bula Manifestis Probatum à corte portuguesa deve ter sido um momento muito emocionante para o velho monarca.
O príncipe foi receber os recém-chegados, enquanto Afonso,
que já passara dos setenta, se limitou ao seu cadeirão, incapaz de se mover.
Tentava manter a calma, enquanto o cónego D. Pedro Feijão ali ficou, como que a
tomar conta dele, observando-o, preocupado. Nisto, surgiu a infanta Teresa,
olhando-o igualmente cheia de cuidados, puxando uma cadeira a fim de se sentar
ao lado dele, o que o fez exclamar:
- Mas
que é isto? Estão todos com medo que eu não aguente as novidades e me dê algum
fanico?
O
arcebispo, acompanhado pelo infante e pelo seu capelão, fez uma entrada
triunfal, saudou eufórico os presentes. Depois, foi direito ao monarca,
pegou-lhe nas mãos e anunciou:
- Boas
notícias, D. Afonso! Trago boas notícias!
Sentou-se
no cadeirão que lhe estava destinado e o capelão passou-lhe um invólucro
cilíndrico de couro para as mãos, que D. Godinho segurou como se de uma das
sete maravilhas do mundo se tratasse. Tirou lá de dentro um pergaminho enrolado
e anunciou:
- Isto,
meus senhores, é a bula Manifestis probatum est, de 23 de Maio deste
ano, e que eu recebi directamente das mãos do Santo Padre!
Fez um
sinal ao capelão para que este depusesse o documento nas mãos do monarca. O
prelado assim fez e, perante a expectativa de todos os presentes, Afonso
desenrolou o pergaminho, de mãos trementes. Mas estava incapaz de ler fosse o
que fosse. Não era só a agitação que o atacava. Além de ter esquecido tudo o
que sabia de latim, há anos que a sua visão vinha piorando. Tinha a impressão
de que um véu se lhe formava em frente dos olhos, no início, muito fino, mas ia
ficando cada vez mais espesso. Acabou por entregar o documento à infanta a seu
lado, pedindo:
- Lê,
filha, lê!
Teresa
fez uma primeira leitura em silêncio e anunciou emocionada:
- O Papa
reconhece-vos o título de rei, meu pai!
-
Finalmente - disse Afonso, de lágrimas nos olhos.
O
arcebispo sorriu ao infante e ao chanceler-mor, muito satisfeito. Depois,
pôs-se a limpar o suor da testa e do cachaço e ordenou ao capelão:
- Tenho
sede, arranjai-me qualquer coisa para beber! - E, virando-se para os lados: - É
que está um calor de rachar, não é verdade? E, apesar de esta etapa de hoje ter
sido curta, a gente ainda veio a cavalgar algumas horas.
O
infante Sancho, a quem a ansiedade fizera esquecer aquele pormenor, logo chamou
um lacaio, que fosse buscar um refresco de vinho. Teresa ia lendo o conteúdo da
bula ao pai:
-
Alexandre III confirma o documento de Lúcio II, tomando-vos e aos vossos
herdeiros sob a proteção da Santa Sé. Considera Portugal um reino pertencente
a São Pedro e promete o auxílio papal sempre que seja necessário defender a
dignidade régia do soberano português. Também os territórios que os portugueses
vierem a conquistar aos sarracenos gozarão da mesma proteção.
Chegou o
refresco, que pajens se encarregaram de distribuir pelos presentes. O arcebispo
apressou-se a esvaziar a sua taça, Sancho e D. Pedro Feijão deram alguns goles.
O rei e a sua filha ignoraram a bebida. E D. Godinho, sentindo-se retemperado,
lançou enérgico:
- O
Santo Padre reconheceu, finalmente, os méritos de um soberano que tão grandes
vitórias conseguiu sobre os inimigos da fé. Chama-lhe “intrépido destruidor dos
inimigos dos cristãos”, “diligente propagador da fé cristã”, “bom filho e
príncipe católico”, que deixa um “exemplo digno de ser imitado pelos vindouros”,
enfim, não poupa elogios a D. Afonso. Não é assim, D. Teresa? - E, dirigindo-se
aos outros: - Que eu já li a bula um monte de vezes, já a sei de cor e
salteado!
Teresa
tornou a passar o documento para as mãos do pai. Afonso engoliu em seco, a fim
de espantar as lágrimas e, depois de observar a bula durante alguns instantes,
disse:
-
Agradeço a Deus, que ouviu as minhas preces. Agora, sei porque é que Ele me
deixou tanto tempo vivo.
- Ámen -
concluiu D. Godinho, esvaziando a segunda taça.
Bula Manifestus Probatum, fonte: Direcção-Geral de Arquivos |
Com este post, encerro a série dedicada a D. Afonso Henriques, que percorreu as etapas mais importantes da sua vida. Quem quiser lê-las, pode clicar na etiqueta Citando Afonso I. Quem tiver um e-reader, iPad, iPod ou equivalente, fique atento: no início de Dezembro, haverá uma surpresa!
18 de novembro de 2012
Naquele Tempo (11)
(...) depois dos clérigos da chancelaria régia e, logo a seguir, dos clérigos em geral, cuja formação específica os induzia a formularem mais facilmente conceitos abstractos, aquele grupo social que mais rapidamente adquiriu consciência de uma certa identidade nacional (em termos obviamente diferentes daqueles que viriam a impor-se no século XIX) foi a nobreza. E dentre as diversas categorias da nobreza, naturalmente, em primeiro lugar os vassalos régios, os membros da corte e os que de alguma maneira dependiam do rei, como eram, por exemplo, os alcaides e os ricos-homens governadores de terras. Como veremos adiante por meio de vários indícios, este facto não significa que a consciência da identidade nacional fosse, entre os nobres, exactamente igual à de hoje.
Com efeito, essa consciência não resultava apenas do vínculo ao rei por parte dos súbditos, como vassalos que eram. Nascia igualmente da contraposição aos nobres dos outros reinos peninsulares. Esta contraposição não se concebia, porém, em termos por assim dizer «nacionalistas».
A nobreza medieval portuguesa no contexto peninsular, página 312
16 de novembro de 2012
O Buraco do Marão
A A4
é um exemplo da má gestão dos dinheiros públicos em Portugal. Na minha opinião,
não se justifica construir uma autoestrada (que está quase pronta) entre Vila
Real e a fronteira de Quintanilha, passando por Bragança. O IP4 ainda dava
conta do recado, bastava fazer alguns melhoramentos. Por outro lado, o túnel do
Marão é mais do que necessário. O trânsito entre Amarante e Vila Real é intenso
e formam-se muitas bichas, principalmente, quando se circula no sentido
descendente. Há declives de 6% e 7%, o que põe muitos camiões a passo de
caracol. Além de perderem a paciência, os condutores dos veículos ligeiros ainda
têm de aguentar com o intenso cheiro a travões queimados.
Nesse
troço do IP4 foram fechadas muitas faixas duplas, por causa das curvas
perigosas, no final das descidas. O que criou uma situação caricata: quem sobe o Marão,
tem possibilidade de ultrapassar os veículos lentos; quem o desce, não! Mas é precisamente aí que os pesados são mais lentos. Teria sido muito melhor investir na construção do túnel do que nos cerca de 140
Km de autoestrada entre Vila Real e Quintanilha.
14 de novembro de 2012
Mais Merkel
Sinto
muito desiludir quem gostava de se ver livre da Merkel, mas uma sondagem
recente revelou que o seu partido, a CDU, ganharia as eleições, neste
momento. A chanceler já passou por períodos de pouca popularidade, mas tem-se
vindo a destacar de Peer Steinbrück, o candidato escolhido pelo SPD (os Socialistas
cá do sítio). O motivo não é propriamente os alemães estarem contentes com a
Merkel, é mais a polémica que se tem gerado à volta do candidato socialista. Peer
Steinbrück, especialista em Economia, ganha balúrdios em conferências: mais de
um milhão de euros, o ano passado, sendo que chega a amealhar 20.000 euros por
um único discurso. Acrescente-se que acumula estes ganhos com o seu salário de
deputado.
Steinbrück
apresentou todas as contas e, apesar de ser tudo legal, deixa sempre um amargo
de boca aos cidadãos, quando um político atinge ganhos astronómicos por
acumulação. Além disso, corre o rumor de que, a participar
em tantas conferências, terá descurado as suas funções de deputado. E
assim se começa a desconfiar de um político que até deixou boa impressão como
Ministro das Finanças.
À
laia de consolo para quem quer ver a Merkel pelas costas, o FDP, o partido com
o qual a CDU costuma coligar, não atinge os 5%, nesta sondagem, percentagem necessária
para ter lugar no Bundestag. A fim de
alcançar a maioria absoluta, a CDU teria de coligar com os Verdes, o que não é
muito provável. Além disso, falta cerca de um ano para as eleições do Bundestag (equivalente às nossas
legislativas), ou seja, muita água há de ainda correr por baixo do moinho.
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