Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

15 de fevereiro de 2013

Carne para canhão

Este escândalo da carne de cavalo em substituição da de vaca não me afeta porque não compro refeições prontas. Mas entristece-me, pois junta duas coisas que abomino: a utilização abusiva de animais e a ganância (para já não falar da burla aos consumidores).

Não sou vegetariana, mas apelo a que se coma menos carne. Nunca, na História da Humanidade, se consumiu tanta carne como nos últimos 50/60 anos. Nem os nobres da Idade Média se empaturravam desta maneira, todos os dias. E, quando o faziam, era depois de uma sessão de caça, que também não aprecio, mas que, pelo menos, os punha frente a frente com os animais a consumir. Os camponeses só matavam uma galinha em dias de festa, de resto, alimentavam-se de cereais, vegetais, leguminosas e fruta. E um peixito, de vez em quando. O porco só se matava uma vez por ano. Acabados os enchidos, o que acontecia ainda antes do Verão, tinha de se esperar até ao próximo Outono para tornar a comer porco. As vacas e os bois eram preciosos demais para serem comidos.

Somos carnívoros, não ponho em dúvida. Nem defendo que voltemos aos tempos medievais, só dei o exemplo para acabar com a crença de que os humanos sempre se alimentaram de muita carne. É mentira, minha gente! E este consumo desenfreado, além de reduzir os animais a objetos sem rosto, apertados em transportes que, sofrendo um acidente, dá a confusão que se sabe, para serem mortos em série em fábricas como se enchem garrafas de refrigerante, dá-nos cabo da saúde e do nosso planeta. Juntando isto à ganância, temos destes lindos serviços.

A vida humana é muito curta e não é quem pratica estes excessos que sofrerá as verdadeiras consequências. Parece-me, porém, que a temporada da Quaresma será uma boa ocasião para se meditar sobre estes assuntos...


5 comentários:

  1. Oportuno e pertinente, este post, Cristina.
    Se bem que, não concorde inteiramente com algumas afirmações, naquilo que entendo de capital importância, não poderia estar mais de acordo, ou seja: Em minha opinião, não entendo que o uso na alimentação, da carne de cavalo, seja abusivo. Os processos de transporte, abate, transformação e embalagem para consumo humano, em que por vezes deixa imenso a desejar, em termos do cumprimento de regras de higiene e do respeito que o humano deve manter pelo animal, em todo o processo.

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  2. Eu vou meditar.... como carne, mas quantas vezes com um sentimento de culpa...

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  3. Bartolomeu, o facto de se comer carne de cavalo não tem necessariamente de ser abusivo. Mas aqui houve burla, o que está na embalagem não corresponde ao conteúdo. Ora, coisas dessas só se fazem se compensam monetariamente. O que nos põe a pensar em que condições viveram e foram abatidos esses cavalos, que se tornaram mais baratos do que vacas. Se nos fosse possível apurar a verdade, não daríamos com coisa boa...

    Vespinha, às vezes também sou atacada por sentimentos desse género. Mas não há dúvida de que somos carnívoros e eu estou convencida de que, se diminuíssemos o nosso consumo de carne, criaríamos melhor condições para os animais "envolvidos". O verdadeiro crime está em toda esta indústria e, não, no consumo de carne, propriamente dito.
    Penso eu.
    Mas respeito muito os vegetarianos. Talvez um dia o consiga...

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  4. A nossa espécie é omnívora, não carnívora.

    Mesmo alguns vegetarianos admitem comer peixe e beber leite, portanto isso de se auto-proclamar vegetariano é redundante.

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  5. Tem razão! E ainda bem, prova que alimentarmo-nos de vegetais não é contra-natura, que parece ser a opinião de muita gente.

    Sim, há várias "maneiras" de se ser vegetariano, há quem recuse o peixe, ovos e produtos lácteos, há quem recuse apenas a carne. Eu penso que já faríamos um grande serviço à nossa saúde, ao bem-estar dos animais e ao planeta se reduzíssemos o consumo de carne para um terço daquilo que costumamos comer.

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