Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

1 de fevereiro de 2013

O Espião de D. João II


Do texto da contracapa:
Em 1487, Pêro da Covilhã foi enviado de Portugal, ao mesmo tempo que Bartolomeu Dias, a descobrir por terra, aquilo que o navegador ia demanadar por mar: uma rota para as especiarias da Índia e notícias do encoberto Preste João.

O livro ideal para quem gosta de aventuras, sem se preocupar com a profundidade psicológica das personagens. Lê-se como se vê um filme de Indiana Jones, só que aqui o herói é um espião português, Pêro da Covilhã, que, disfarçado de mercador mouro originário do Al-Andalus, com o nome de Ali Moumen, reune informações para D. João II sobre a Índia e a África, ao mesmo tempo que busca o lendário império de Preste João*.

A autora utiliza bastante linguagem da época, nomeadamente, expressões antigas típicas da zona da Serra da Estrela, de onde é originária a personagem principal. Algumas palavras são-nos desconhecidas, mas vêm explicadas em notas de rodapé.  Por outro lado, Pêro da Covilhã passa grande parte do romance a falar árabe, pelo que não se justificaria o uso desses termos nessas situações.

As aventuras incluem lutas, muitas lutas, bem descritas pela autora. E também há lugar para paixões e, até, mortes de amor. Mas, como disse, as personagens não têm profundidade, agem como delas se espera, pelo que não são necessárias grandes explicações para os seus atos. Não sendo grande apreciadora de livros de aventuras, gostei, acima de tudo, do que aprendi sobre as civilizações visitadas por Pêro da Covilhã, nomeadamente, as africanas.

O livro está bem pesquisado e escrito, pelo que é uma leitura que, além de entreter, instrui. E o fim inesperado e aberto presta-se a uma continuação, apesar das mais de 500 páginas deste volume.

* O Mito do Preste João das Índias tem raízes na expansão do cristianismo nos primeiros séculos, nas longínquas terras do Sul e do Oriente e nas comunidades cristãs posteriores, nestorianos e jacobitas.
Do século XII até meados do século XIV, o Preste João foi situado na Ásia, nos confins da Pérsia e da Tartária ou na parte menos conhecida da Índia, até ao momento em que estas regiões se tornaram conhecidas de muitos viajantes, que provaram a inexistência desse vastíssimo império cristão. A partir do século XIV, deu-se a transferência do mito do Preste João da Ásia para a África, mais precisamente, da Índia para a Etiópia, em cuja descoberta e divulgação Pêro da Covilhã e os reis de Portugal tiveram uma grande intervenção (explicações da autora, nas págs. 517 e 518).

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