Uma reportagem do canal alemão ARD, da autoria de Diana Löbl e Peter Onneken, sobre as condições de trabalho nos centros de logística alemães da Amazon, tem causado furor e já moveu a Ministra do Trabalho a iniciar uma investigação.
Os problemas são mais graves em alturas de mais movimento, como é a época natalícia. São contratados trabalhadores a prazo e a crise europeia leva a que muita gente se deixe levar por promessas que não são cumpridas. Vêm da Polónia, Hungria, Roménia e Espanha e, só quando chegam à Alemanha, constatam que o seu empregador não será a Amazon (apesar de trabalharem para essa empresa), mas uma firma de contratos de trabalho temporário, a Trenkwalde, por salários abaixo dos nove euros por hora (nos seus países de origem, tinha-lhes sido prometido mais dinheiro).
A reportagem segue o percurso de Silvina, uma espanhola desempregada, mãe de três filhos. Os trabalhadores são aquartelados em moteis ou centros de férias alugados para o efeito, completamente superlotados, ou seja, são obrigados a viver em espaços exíguos com pessoas que lhes são estranhas. Os autocarros que os transportam para o emprego e de regresso a casa estão longe de serem suficientes, pelo que originam longas esperas e circulam igualmente superlotados. Além disso, os ordenados são, muitas vezes, pagos com atraso e, não raro, é-lhes exigido que trabalhem duas semanas seguidas, sem direito a fim-de-semana.
Um outro problema são as regras de comportamento impostas aos trabalhadores, vigiados por uma empresa de segurança, a H.E.S.S. (Hensel European Security Services), que se desconfia ter ligações à cena neonazi. Estes seguranças são omnipresentes, revistam as malas, as bolsas e as casas dos trabalhadores. Os próprios jornalistas tiveram problemas com eles, ao ponto de, certa vez, só conseguirem deixar o recinto de logística que investigavam sob proteção policial.
Coincidência, ou não, Silvina, a espanhola sobre quem se fez a reportagem, foi enviada para casa três dias antes de concluído o seu contrato. No fim de um dia de trabalho, foi-lhe simplesmente comunicado que já não era necessária e que deveria fazer as malas.
Instada pelos jornalistas, a Amazon escusou-se a prestar esclarecimentos.
Que desilusão! Eu que encomendo imenso na Amazon pelos preços e pela velocidade de entrega em Portugal...
ResponderEliminarBem, em Portugal também haverá centros de logística (ou um, pelo menos) e não sei se procederão da mesma maneira. E chamo a atenção para que a reportagem foi feita na época de maior movimento: o Natal. Não sei se será a situação normal. Mas, mesmo que não seja, o que se passa nessas semanas deve ser condenado. Como disse, a Ministra do Trabalho alemã ordenou um inquérito.
ResponderEliminarOlá Cristina!
ResponderEliminarReferes um exemplo extremo como acontece em toda a Europa e em Portugal não é escepção, com emigrantes de leste a trabalhar na agricultura (apanha de azeitona, tomate, etc), em situações deploráveis.
Mas há muito trabalho, diria, quase escravo em Portugal. POr causa dessa crise, as empresas aproveitam-se da situação, obrigando os trabalhadores a trabalharem mais horas sem lhes pagarem, para alem de se estar a oferecer ordenados muito inferiores ao que se pagava.
A política desastrosa de baixos salários já está em adamento e já se vê pessoas a trabalharem 12 horas seguidas por 500€, e isso em Portugal.
Por isso nem é nada de especial trabalhar 15 dias seguidos, sem fins de semana ou folgas, se se ganhar mais.
Já há escravatura em Portugal. Como isto se está a compôr, dentro de uns 3 anos, as condições laborais, sociais e de vida regrediram até finais do século XIX. Ou seja, tanta luta e sangue derramado para ganharmos direitos que não vão servir para nada.
Que esperam desta gente -Merkell's, Passos, Portas, Barrosos e apaniguados?
ResponderEliminarSim, Iceman, há uns anos, ouvi falar desses imigrantes de leste na agricultura em situações deploráveis. Não sabia o que atualmente se passa. Ainda há esses imigrantes com a crise? Presumo que sim, pelo que disseste.
ResponderEliminarRealmente, se atendermos à situação portuguesa, que se degrada cada vez mais, talvez este caso da Amazon, na Alemanha, nem seja muito chocante. Com tanto desemprego e os ordenados tão baixos, calculo que haja muita gente a ser explorada, sim. Cada vez mais!
Olá Cristina.
ResponderEliminarSe há!
Os empresários queixam-se nas tv's que os portugueses não querem trabalhar e que são "obrigados" a contratarem trabalhadores de leste e paquistaneses.
Hipócritas!
Oferecem 2€/hora e horários intermináveis.
E são muito mal tratados, também verbalmente, e vivem em más condições. Ouvi relatos desses em Trás-os-Montes.
ResponderEliminarEste mundo anda doente!