Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

26 de fevereiro de 2013

A propósito da Grândola...


           Enquanto ela dormia, os outros marchavam ao encontro do seu objetivo.
Ouviam-se os seus passos.
Uma marcha ecoava na escuridão.
Uma voz ergueu-se:
           
 Grândola, vila morena
            Terra da fraternidade
            O povo é quem mais ordena
            Dentro de ti ó cidade

Os soldados libertadores iniciavam a sua marcha e os seus passos serviam de fundo à voz melódica de Zeca Afonso, nessa noite fria, de quarta para quinta-feira:

            Em cada esquina um amigo
            Em cada rosto igualdade
            Grândola vila morena
            Terra da fraternidade

Uma revolução dificilmente poderia arrancar de forma mais poética.
Talvez isso nos venha da nossa alma moura, a mesma que nos ensinou o que significa a palavra «saudade». Como todas as melodias de cariz alentejano, a Grândola possui aquele inconfundível toque árabe…

 À sombra duma azinheira
            Que já não sabia a idade
            Jurei ter por companheira
            Grândola tua vontade

Nessa «noite solene», como Salgueiro Maia lhe chamou, transpareceu a nossa alma moura. Como não podia deixar de ser… E mais ninguém enviaria, pelo Natal, de lágrimas nos olhos e de microfone na mão, mensagens pela TV.


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