Dita o Primeiro Mandamento: Amar a Deus sobre todas as coisas.
Mas como funciona isso, amar Deus, algo que não se pode explicar, algo que não é palpável, nem visível? Na nossa tradição católica, aprendemos que tal se atinge à custa de muitas rezas, muitas missas, muitas hóstias papadas e muitas promessas a Nossa Senhora de Fátima. Jeremias Müller, um monge beneditino alemão a viver no mosteiro austríaco de Admont, indica-nos cinco caminhos para encontrarmos Deus no nosso mundo palpável e o podermos amar.
1 - Mesmo não tendo sentimentos, a Natureza reage à nossa interferência, à maneira como a tratamos. A nossa relação com ela exige carinho e cuidado, tal como as relações que temos uns com os outros. E, sendo a Natureza obra de Deus, um caminho para O amar é, portanto, amar a Natureza e cooperar com ela (atrevo-me a acrescentar aqui os animais; apesar de Jeremias Müller não os referir, eles fazem parte da obra de Deus).
2 - «Eu só posso amar Deus, se me amar a mim próprio como ser humano e todos os outros com quem eu vivo», diz-nos Jeremias Müller. Aceitar-me a mim próprio e aos outros, respeitar e impor fronteiras, saber fazer e respeitar exigências, é, também, uma maneira de amar Deus.
3 - «O que pretende o ser humano, quando estuda e pesquisa», pergunta o monge beneditino e dá a sua opinião: «Ele pretende, apenas, entender a vida sob diferentes perspetivas, sobretudo o fenómeno que representa o próprio ser humano, seja através da Medicina, da Física, ou das Ciências Jurídicas. A Ciência é, por isso, o terceiro caminho para amar Deus. Ao descobrirmo-nos a nós próprios, descobrimos o Criador que está por trás. Neste terceiro caminho, Jeremias Müller inclui o amor pela Arte, que, no seu caso, se reflete no amor pelos livros. Amar um livro é amar a sabedoria do seu autor e, por consequência, Deus, a origem dessa sabedoria.
4 - O que, para uns, é Ciência, para outros é o trabalho manual, a profissão. Respeitar e admirar o trabalho do trolha, do pintor, do eletricista e do colocador de alcatifas, que vão criando uma casa confortável para as pessoas que lá viverão, é, também, uma maneira de sentir amor por Deus.
5 - Na sua última sugestão, o monge beneditino refere a sua própria rotina no mosteiro, à volta do pressuposto Ora et Labora, reza e trabalha. O quotidiano, marcado por várias celebrações do ofício divino, a horas certas, proporciona encontrar um ritmo onde se pode sentir Deus em todas as fases do dia.
Dispenso este último caminho, não pretendo tornar-me monja beneditina (embora respeite quem escolha essa via e ache que temos muito a aprender de quem leva uma vida de meditação e contemplação). Mas gosto de acreditar que o melhor caminho para Deus seja amar e respeitar a vida, em todas as suas formas e variações.
"Amai-vos uns aos outros como Eu vos Amei!" é um grande desafio
ResponderEliminarÉ verdade, Rita!
ResponderEliminarMas, na minha opinião, apesar de termos essa mensagem sempre em mente, devemos ter um certo cuidado a aplicá-la. É que muita gente está totalmente distanciada dela e, se nos pomos a amar tudo e todos, a torto e a direito, acarretamos com muitos dissabores. Infelizmente :(
O que eu quero dizer é que devemos ter esse princípio de amar o próximo, mas, ao mesmo tempo, e sem prejudicar ninguém, também devemos marcar a nossa posição, sempre que necessário.
Grandes ensinamentos nos transmite o monge Jeremias Müller.
ResponderEliminarConcordo inteiramente com ele, contigo e com a Rita.
Tenho também a convicção que o fundamental na nossa existência, é a relação com tudo aquilo que nos rodeia. Se conseguirmos esse equilíbrio entre nós e os nossos semelhantes e o meio envolvente, seremos certamente mais felizes e por conseguinte, estaremos a contribuir para o equilíbrio universal.
Só não concordo com a tua decisão de não quereres tornar-te monja.
Acho que nessa situação, aumentariam as condições para escreveres mais livros e, por conseguinte, aumentares a nossa satisfação.
Mas suspeito que a tua decisão, tem a ver com a proibição de cães dentro dos mosteiros, o que faria a infelicidade da tua cadelinha... e da dona.
;)
:D Acertaste em cheio, Bartolomeu.
ResponderEliminarQueria ainda acrescentar que acredito que nos devíamos amar uns ao outros (não sei se no meu comentário anterior dei a entender o contrário). Contudo, durante muito tempo, fui ingénua demais e pensava que, se mostrasse amar as pessoas, elas corresponderiam. Nem sempre é assim (ou raramente é assim) e devemos estar preparados para isso.
Amá-las, apesar disso? Isso, sim, o grande desafio, Rita, sem dúvida ;)