Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

15 de março de 2013

Dominai sobre todos os animais que se movem na Terra




aqui falei no Instituto para a Zoologia Teológica (Institut für Theologische Zoologie), com sede em Münster, na Alemanha. Um dos seus fundadores é o padre Rainer Hagencord que, já depois de ter sido ordenado, tirou os cursos de Biologia e Filosofia, com foco na Biologia do Comportamento, interessando-se pelo diálogo interdisciplinar entre Teologia e Biologia.

Deparei, agora, com a sua interpretação da passagem do Génesis, em que Deus cria os animais:
Deus disse: «Que a terra produza seres vivos, segundo as suas espécies, animais domésticos, répteis e animais ferozes, segundo as suas espécies». E assim aconteceu.
Gn 1, 24

Em seguida, Deus cria o homem e a mulher e diz-lhes:
«Crescei e multiplicai-vos, enchei e dominai a terra. Dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todos os animais que se movem na terra».
Gn 1, 28

O padre Rainer Hagencord diz-nos que estas passagens foram, durante séculos, mal traduzidas e interpretadas, pois eram vistas como a legitimação teológica para podermos fazer dos animais aquilo que quiséssemos. Os estudiosos da Bíblia atuais, pelo contrário, indicam-nos que estas palavras nos iniciam nas nossas responsabilidades. Foi, de facto, definido um poder dos humanos em relação aos animais. Mas o poder bíblico está, num rei que se quer justo, sempre ligado à responsabilidade e ao respeito. E, segundo o padre Rainer Hagencord, principalmente o respeito em relação a todos os seres vivos deve começar a ganhar um novo significado para os cristãos.

Esta interpretação está de acordo com o Artigo 2º da Declaração dos Direitos dos Animais, aprovada pela UNESCO e pela ONU:

Artigo 2º
1. Todo o animal tem o direito de ser respeitado.
2. O homem, enquanto espécie animal, não pode atribuir-se o direito de exterminar os outros animais ou de os explorar, violando esse direito. Tem a obrigação de empregar os seus conhecimentos ao serviço dos animais.
3. Todos os animais têm direito à atenção, aos cuidados e à proteção do homem.

Nota: O novo papa adotou o nome de Francisco, em homenagem a São Francisco de Assis, o santo patrono dos animais. Espero que o pontífice leve isso em conta.

1 comentário:

Vespinha disse...

Espero que sim...