Lavou
as feridas, que não eram profundas, mas podiam infetar. Em seguida, tentou
encontrar o casebre. Apesar de não ser tarefa fácil, ela confirmou conhecer
aquela parte da serra e acabou por dar com ele. O telhado estava desfeito, mas
as paredes continuavam de pé e, apesar de servirem de abrigo a algumas
ratazanas, ela encolheu-se a um canto, embrulhada no seu manto roto, a tremer,
de frio e de medo.
Para
onde haveria de ir? Estava fora de questão ficar naquela terra, onde tinha caído em desgraça. E era certo e sabido que o seu amante, o
cavaleiro garboso, não tinha condições de a proteger. O melhor seria seguir o
curso do Douro, até ao Porto. Nos arredores da cidade e no concelho de Gaia,
havia vários mosteiros. E qualquer mosteiro possuía um albergue para pobres.
Ela
tornara-se nisso mesmo: uma pobre, sem lar, não possuía sequer uma trouxa,
apenas a roupa que trazia no corpo e o seu livro de apontamentos, agarrado ao
cinto. Poderia dormir algumas noites num desses albergues e comer alguma coisa,
a fim de se fortificar e superar o susto por que ainda passava. Só depois
pensaria no que faria a seguir.
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