Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

2 de março de 2013

Pré-Publicação #15



Lavou as feridas, que não eram profundas, mas podiam infetar. Em seguida, tentou encontrar o casebre. Apesar de não ser tarefa fácil, ela confirmou conhecer aquela parte da serra e acabou por dar com ele. O telhado estava desfeito, mas as paredes continuavam de pé e, apesar de servirem de abrigo a algumas ratazanas, ela encolheu-se a um canto, embrulhada no seu manto roto, a tremer, de frio e de medo.
Para onde haveria de ir? Estava fora de questão ficar naquela terra, onde tinha caído em desgraça. E era certo e sabido que o seu amante, o cavaleiro garboso, não tinha condições de a proteger. O melhor seria seguir o curso do Douro, até ao Porto. Nos arredores da cidade e no concelho de Gaia, havia vários mosteiros. E qualquer mosteiro possuía um albergue para pobres.
Ela tornara-se nisso mesmo: uma pobre, sem lar, não possuía sequer uma trouxa, apenas a roupa que trazia no corpo e o seu livro de apontamentos, agarrado ao cinto. Poderia dormir algumas noites num desses albergues e comer alguma coisa, a fim de se fortificar e superar o susto por que ainda passava. Só depois pensaria no que faria a seguir.



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