-
Não se diz que estamos todos nas mãos de Deus? Pois, então, não podemos cair
mais fundo do que isso.
Quedou-se
perplexa. Depois, contrapôs:
-
Há quem caia no inferno…
A
moura tornou a fixar nela os seus olhos negros, muito brilhantes:
-
Não acredito que Deus deixe cair quem n’ Ele acredita!
A
moça tentava captar a profundidade daquela afirmação. Recordou as aulas do
convento, da leitura da Bíblia. Havia o Deus cruel, vingativo e castigador do
Antigo Testamento. Mas também havia o Deus misericordioso, que perdoava e que
agarrava precisamente aqueles que caíam mais fundo. E era esse o Deus de Jesus
Cristo!
Mas
como sabia a moura coisas daquelas?
-
Não sabia que eras cristã. Vós não rezais a um tal de Alá?
-
Deus é Deus, dê-se-lhe o nome que se lhe der – retorquiu, sorrindo.
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