Lido por aí: «A vida de um humano, por mais desprezível que este seja, é sempre mais valiosa do que a de qualquer animal».*
1. Caso humano
Uma
menina do Iémen, com oito anos de idade, morreu devido a lesões sexuais graves,
sofridas durante a “noite de núpcias”, depois de ter casado com um homem de 40
anos. O crime deu-se num quarto de hotel e causou ruptura
nos órgãos genitais e do útero da criança. Segundo ativistas dos Direitos
Humanos, o
padrasto da menina tê-la-á vendido por cerca de 2000 euros.
Mesmo tendo em conta que no Iémen há famílias
tão pobres que vendem as filhas que não podem alimentar e o contexto cultural de
um homem que se sente no direito de comprar uma noiva, tentemos imaginar o que se
passou nesse quarto de hotel. Com certeza houve gritos desesperados de uma
criança, aos quais ninguém atendeu. Com certeza houve sofrimento e dores que
nenhum de nós é capaz de avaliar. Com certeza houve sangue a jorros.
A fera que se lançou para cima da
criança não desistiu (se o tivesse feito, talvez lhe tivesse salvo a vida).
Quem sabe, a besta até terá ficado aliviada, quando a criança, ao morrer,
deixou de gritar.
Quanto tempo terá durado o sofrimento
desta menina? As notícias consultadas (uma, em português, outra, em alemão) não
se referem a isso.
2. Caso animal
(Fotografias e texto recebidos por email)
Alida Knobloc uma menina de 3 anos de
idade, de Loganville, Georgia (EUA), sofre de uma doença pulmonar rara chamada
hiperplasia neuro endócrina que faz com que seja difícil respirar por conta
própria. Alida precisa, em todos os momentos, de um tanque de oxigénio ao seu
lado, mas é tão pesado que não pode levá-lo. Para fazer isso, Alida recebeu a
ajuda de um “salva-vidas de quatro patas”, como os seus pais descrevem.
Mr. Gibbs (deram-lhe o nome de uma pessoa,
ó sacrilégio) é um cão salva-vidas, um jovem goldendoodle, que a ajuda a viver dia a dia, porque transporta nas
suas costas tanques de oxigénio que Alida precisa. O cão foi treinado para
acompanhar a menina a todos os lugares a que ela vai, mesmo andar de bicicleta
ou de patins.
* Generalizações, apregoadas como verdades
universais, têm o seu quê de traiçoeiras...
Eu penso, que a frase que citas no início deste post, é concerteza da autoria de um animal.
ResponderEliminarHmmm???
Sim! De um animal... Um animal tipo cão, gato, ou outro qualquer domesticável.
Porque os homens, regra geral, não pensam assim e o mais preocupante é que muitas vezes a justiça faz coro com as mesmas obesidades mentais e mediocridades de caracter que uma fatia significativa da raça humana cultiva e pratica. O despreso por aqueles a quem o acaso colocou na condição de pobreza extrema, e se vêem compelidos a praticar actos da mais baixa condição, suportados por outros que os superam em baixeza. O mundo possui demasiados lugares onde a luz não penetra, minha Amiga Cristina, e quando uma ténue claridade os ilumina, mostra-nos imágens que nos levam a pensar que não estamos a ver a realidade.
Eu hoje, também, li essa notícia (a primeira)e por isso penso que a mulheres estão presas aos preconceitos dos homens. Em antropologia cultural estuda-se o facto de ser generalizada a regra de proibição de "casamentos" por consanguinidade, na raiz dessa regra está precisamente o valor de troca das mulheres. O primeiro elemento de troca, só depois o gado, as terras e por aí fora...
ResponderEliminarQuanto à segunda notícia, é realmente uma notícia preciosa, pena seja que dessas notícias os jornais, revistas e afins não façam manchete.
Um abraço. :)
Bartolomeu, a frase, em princípio, está correta. Mas há sempre um "mas", vários "mas", e penso que é perigoso generalizar. Como tu dizes, os humanos (alguns humanos) são incapazes de ver a luz e cometem as piores atrocidades. Há casos em que temos de pensar diferente, casos que não se enquadram numa lei geral, têm de ser vistos na individualidade. Por exemplo, hoje li que os autores da violação no autocarro, na Índia, foram condenados à morte. Eu sou contra a pena de morte, pensei que o era em qualquer circunstância. Mas, neste caso, estou tentada a afirmar que se devem mesmo abrir exceções...
ResponderEliminarÉ verdade, Alice. Quando há tragédias provocadas por animais (quando um cão mata uma criança, por exemplo) é-lhe dado um destaque incrível. Por um lado, é correto. Mas também se devia mostrar mais a outra face do convívio com os animais. Como tu dizes, é pena que notícias destas não façam manchete, sobretudo, em Portugal, onde os animais são ainda tão desprezados por haver tanta ignorância sobre eles.
ResponderEliminarE a notícia da "noiva" morta de oito anos também não mereceu grande destaque, não se veem as pessoas a discutir a ocorrência nas redes sociais. Porque não se trata deste caso da mesma maneira que se tratam esses casos dos cães agressivos? O crime tem a mesma dimensão. Ou ainda pior, pois foi causado por um "animal racional"!
Beijinho :)
Essa frase é do Daniel Oliveira, não é? Tem descido cada vez mais na minha consideração, de dia para dia... Porque escreve sobre tudo e sobre nada e na maioria das vezes sem conhecimento de causa.
ResponderEliminarO teu post é tão eloquente que me deixou, literalmente, sem palavras...
ResponderEliminarQue dizer destas barbaridades? Quem foi que disse que quanto mais conheço os homens mais gosto dos animais? É assim que eu me sinto...
Várias pessoas fazem afirmações deste tipo, Vespinha, por isso não indiquei autor. Preocupa-me a radicalização, como se toda a gente que gostasse de animais os pusesse à frente dos humanos. Não é verdade, há lugar para todos. E não podemos desprezar os animais em nome da miséria e pobreza humanas. Temos é de arranjar maneira de conciliar o bem-estar de todos. Além disso, a maior parte dos acidentes envolvendo animais domésticos têm origem na irresponsabilidade humana.
ResponderEliminarTambém já deixei de acreditar na "raça" humana, Manuel. Acredito em certos humanos, felizmente, em muitos. Mas na humanidade, em geral? Não.
Não posso deixar de concordar com a frase. Mas quando penso nela penso logo em Primo Levi: Se isto é um homem!
ResponderEliminarE portanto fica tudo explicado por muito que os fundamentalismos do politicamente correcto gritem, gemam e se torçam. Há ex-humanos que pelos seus próprios actos se excluiram da humanidade. A humanidade não é um mero somatório de individuos, mas uma unidade que só existe porque há um compromisso tácito para uma vivência em comum. Um compromisso com direitos e deveres. Quem os não cumpre, ainda que cumpra os requesitos biológicos, não cumpre os sociais e portanto os humanos. Não faz parte da humanidade.
Sim, apetece mesmo dizer que há humanos que não fazem parte da humanidade. É aí que a frase esbarra nos seus limites. E questionar uma frase deste tipo não quer dizer que se põem os animais à frente das pessoas, como por muitos é entendido. O mundo não é só preto e branco, há inúmeros cinzentos.
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