Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

6 de outubro de 2013

Jovem hitleriano Ronaldo


Hitler acorda, de repente, num terreno baldio da cidade de Berlim, no ano de 2011. Não sabe onde está, olha à sua volta e vê uns miúdos a jogar à bola. Logo chega à conclusão de que serão membros da juventude hitleriana. Mas estranha que não usem a farda e, sim, equipamentos coloridos. Constata que a mãe de um deles se deu ao trabalho de inscrever o nome do miúdo nas costas da t-shirt. Lê «Ronaldo». E como sente necessidade de saber como pode sair dali, atingindo a rua mais próxima, chama o miúdo:

«Jovem hitleriano Ronaldo! Em que direção é a rua?»
(Em alemão: Hitlerjunge Ronaldo! Wo geht es zur Straße?).

Tudo isto se passa nas primeiras páginas de um best-seller agora chegado a Portugal, com o título Ele Está de Volta.


Nota: estou a ler a versão alemã e a minha tradução da passagem em questão é livre.

 

4 comentários:

Anónimo disse...

Costuma dizer-se que a realidade supera a ficção, mas neste caso sucede o contrário.
Por este trecho dá para perceber que Hitler acorda alienado à sua convicção ideológica, o que deixa intuir que, a partir daqui, assistiremos ao choque psicológico que ele terá quando se confrontar com uma realidade política e social bem diferente do seu tempo.
Com tantos "hitleres" que ainda sobrevivem por aí (em todo o mundo), nem era necessário ressuscitar o autêntico.

António Breda Carvalho (ABC)

Cristina Torrão disse...

Boa análise, António. Sim, o livro trata desse "choque psicológico": o Hitler, tal como ele é, na Alemanha dos nossos dias. Em abono do autor, diga-se que o ditador é encarado, pelos cidadãos que vai encontrando, como um comediante especializado na caricatura do dito cujo. Ou seja: o Hitler é retratado como figura cómica/ridícula. Até lhe dão um emprego numa estação televisiva, por ele desempenhar tão bem o papel.
Mas o livro pode igualmente gerar segundos sentidos menos aceitáveis. A seu tempo, publicarei a minha opinião ;)

Vespinha disse...

Acho que vai ser o meu próximo.

Cristina Torrão disse...

Espero que a tradução seja boa, Vespinha. Agora que já li mais, constato que algumas piadas e segundos sentidos não serão muito bem entendidos por quem não viva na Alemanha. Não sei como o/a tradutor/a tratou disso.
Além disso, há umas certas partes exaustivas. Mas nada como averiguar pessoalmente ;)