Hitler acorda, de repente, num terreno baldio da cidade de Berlim, no ano de 2011. Não sabe onde está, olha à sua volta e vê uns miúdos a jogar à bola. Logo chega à conclusão de que serão membros da juventude hitleriana. Mas estranha que não usem a farda e, sim, equipamentos coloridos. Constata que a mãe de um deles se deu ao trabalho de inscrever o nome do miúdo nas costas da t-shirt. Lê «Ronaldo». E como sente necessidade de saber como pode sair dali, atingindo a rua mais próxima, chama o miúdo:
«Jovem hitleriano
Ronaldo! Em que direção é a rua?»
(Em alemão:
Hitlerjunge Ronaldo! Wo geht es zur Straße?).
Tudo isto
se passa nas primeiras páginas de um best-seller
agora chegado a Portugal, com o título Ele
Está de Volta.
Nota:
estou a ler a versão alemã e a minha tradução da passagem em questão é livre.
Costuma dizer-se que a realidade supera a ficção, mas neste caso sucede o contrário.
ResponderEliminarPor este trecho dá para perceber que Hitler acorda alienado à sua convicção ideológica, o que deixa intuir que, a partir daqui, assistiremos ao choque psicológico que ele terá quando se confrontar com uma realidade política e social bem diferente do seu tempo.
Com tantos "hitleres" que ainda sobrevivem por aí (em todo o mundo), nem era necessário ressuscitar o autêntico.
António Breda Carvalho (ABC)
Boa análise, António. Sim, o livro trata desse "choque psicológico": o Hitler, tal como ele é, na Alemanha dos nossos dias. Em abono do autor, diga-se que o ditador é encarado, pelos cidadãos que vai encontrando, como um comediante especializado na caricatura do dito cujo. Ou seja: o Hitler é retratado como figura cómica/ridícula. Até lhe dão um emprego numa estação televisiva, por ele desempenhar tão bem o papel.
ResponderEliminarMas o livro pode igualmente gerar segundos sentidos menos aceitáveis. A seu tempo, publicarei a minha opinião ;)
Acho que vai ser o meu próximo.
ResponderEliminarEspero que a tradução seja boa, Vespinha. Agora que já li mais, constato que algumas piadas e segundos sentidos não serão muito bem entendidos por quem não viva na Alemanha. Não sei como o/a tradutor/a tratou disso.
ResponderEliminarAlém disso, há umas certas partes exaustivas. Mas nada como averiguar pessoalmente ;)