Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

19 de novembro de 2013

Antigamente é que era


Além da profusão de touch screens, tablets e telemóveis, a falta de tempo, nesta nossa era de velocidades alucinantes, parece ser responsável por os pais não lerem histórias aos filhos, ao deitar. Um estúdio do Guardian terá concluído que tal hábito foi reduzido ao nível drástico de 2% das famílias.

Sou sempre cética, quando se diabolizam os tempos atuais, falando de inversão de valores e perda de hábitos saudáveis. A nossa nostalgia por tempos antigos, normalmente, não se baseia no facto de que esses eram melhores, mas, simplesmente, porque olhamos com saudade para uma altura em que éramos bem mais novos. Concordo que não há aparelho nenhum que substitua um momento de leitura em companhia de quem amamos. Mas não se estará a usar, mais uma vez, as novas tecnologias e a presumível falta de tempo como bodes expiatórios?

Só 2% das famílias resistem. E qual era a percentagem de famílias que cultivavam este hábito há 20, 30 e 40 anos, em Portugal? Não conheço estatísticas nesse sentido, mas arriscaria a dizer que não seria muito maior (se o fosse). A mim, por exemplo, niguém leu histórias ao deitar (com, ou sem tablets; com, ou sem tempo). Ao meu irmão também não. E, no entanto, ele fá-lo hoje com os seus filhos - 1:0 para os tempos vertiginosos dos touch screens!

Isto deu-me uma ideia. Seria interessante que vocês contribuíssem para uma estatística deste género, respondendo a duas perguntas:

Os vossos pais liam-vos histórias, ao deitar?
Fazem isso com os vossos filhos?

Tenho a impressão de que os tempos modernos poderiam ganhar ;-)

P.S. Nunca se esqueçam de que fazer algo em conjunto com os filhos deve ter, como objetivo principal, reservar tempo para eles, seja a ler, a conversar, ou, apenas, a brincar.

9 comentários:

Sara disse...

Os meus pais não costumavam ler para mim (ás vezes quando eu pedia), mas tenciono faze-lo quando tiver filhos...Não sei como vai estar a tecnologia, mas espero que ainda existam livros em papel e tal...Acho que ler para as crianças têm bastantes vantagens. A minha sobrinha por acaso até gosta de livros, o que me deixa contente :)

cumps

ichigochi disse...

Mais um ponto para os tempos modernos. Tenho 35 anos. Os meus pais nunca tiveram o hábito de nos ler histórias ao deitar (embora nos tenham inscrito na biblioteca itinerante com 5/6 anos para nos estimular a ler) e hoje eu leio aos meus filhos... :)

Cristina Torrão disse...

Sara, tenho a certeza de que o fará :) Eu não tenho filhos, mas acho que também lhes lia. Tratando-se de uma hipótese, porém, resolvi dar o exemplo do meu irmão.

ichigochi, muito obrigada pelo seu testemunho. É mais um ponto para os dias de hoje e a prova de que devemos ter cuidado com estatísticas e estudos. Enfim, este, do Guardian, deve centrar-se nas ilhas britânicas e, aí, talvez ganhe a era pré-tablets & co. Saudações a Vila Nova de Gaia, onde vivi dos 10 aos 27 anos ;)

Vespinha disse...

Sempre me lembro de ler, mesmo antes de saber ler. :) Desde pequenina que bastava pegar numa revista para ficar horas entretida. E, felizmente, livros nunca me faltaram em casa dos meus país.

Cristina Torrão disse...

Ainda bem, Vespinha :)

Alice Alfazema disse...

Cá por casa reina o hábito de ler. Penso que há 40 anos não haveria esse hábito, no entanto as mães tinham mais tempo para os filhos e podiam mima-los mais, isso acontecia durante o dia, sendo que a criançada à noite estava esgotada da brincadeira feita na rua e dormia num ápice.

Um abraço. :)

Cristina Torrão disse...

As mães tinham mais tempo. Mas será que os mimavam mais? (mimar no bom sentido).
Mas é verdade que a criançada brincava mais na rua, o que era ótimo :)

Ana Lemos disse...

Olá, olá :)
Atualmente tenho 28 anos e a minha mãe não me lia histórias. Lembro-me de uma vez lhe ter pedido para me contar uma história e ela (muito prática como sempre) disse-me: "era uma vez, uma menina muito linda chamada Ana que agora vai dormir. Fim.", eu ainda respondi que aquilo não era uma história, ela disse que já eram horas de dormir e eu aceitei...e continuei a ser uma criança feliz e sem traumas.
Ainda não tenho filhos mas já li histórias aos meus primos mais pequenos =) Um dia que tenhas filhos, penso contar mas não será uma prioridade. Tal como penso dar-lhe a conhecer "coisas do meu tempo": A Rua Sésamo, o Bocas, o Rei Babar, jogos como o Quem é Quem,....
Cada geração tens as suas coisas boas, há que aproveitar o melhor de cada uma ;)

Cristina Torrão disse...

Olá Ana :)

Essa história também podia ter sido contada pela minha mãe ;)

É verdade, cada geração tem as suas coisas boas. Quando somos mais velhos, temos tendência para dizer "no meu tempo é que era". Não tem mal nenhum, é normal... desde que não se exagere e se comece a dizer que a nova geração não presta :(

Os jovens de hoje estão numa posição bem delicada. Sem perspetivas, por causa da crise, ainda são acusados de não terem "garra" e de só estarem bem no mundo virtual.