Quando os cavaleiros chegaram a Coimbra, a fim de escoltar a noiva com o seu dote, restavam a Teresa quatro dias para tratar dos últimos preparativos. Na véspera da partida, a infanta veio atirar-se em pranto aos pés do pai:
- Não posso deixar-vos... Não sou capaz!
- Não digas isso! Desejaste tanto este casamento!
- Mas, então, porque me custa tanto partir? Talvez pudéssemos aguardar só mais um ano...
- Acaba com isso, Teresa! O conde da Flandres enviou uma frota para te vir buscar. Quão incorteses seríamos, se a mandássemos de volta, sem ti!
- Não quero saber de diplomacias e razões de estado! Só sei que não sou capaz de vos deixar.
Afonso replicou, de voz muito calma e segura:
- Deus confiou-nos missões e tarefas importantes, filha. Eu posso ser um velho fraco e enfermo, mas sou ainda el-rei de Portugal. Tu és a infanta, noiva do conde da Flandres. E cumprirás o teu dever, quando ele de ti é exigido!
Teresa levantou-se e limpou as lágrimas. Mais do que nunca, admirou o pai, aquele velhinho mirrado, preso àquela cadeira, de cuja cabeleira imponente de outros tempos restava apenas uma coroa de cabelos brancos. Mas era ele que, naquela hora tão difícil, ainda possuía força suficiente para a chamar à razão. Ouviu-o dizer:
- Já te roubei tempo demais, minha filha. Mereces ter, finalmente, a tua própria vida.
Família real, nobres e criadagem (desde a mais fina aia, íntima das princesas, ao mais grosseiro moço de estrebaria): a corte juntou-se em peso, no recinto da alcáçova, a fim de se despedir da infanta, num processo mais triste do que um enterro, tantas lágrimas se vertiam, tanto fungar se ouvia.
Quando Teresa desapareceu no interior da sua carruagem e o corso se foi lentamente pondo em movimento, as netas de Afonso afagaram-lhe as mãos trementes. Ninguém duvidava de que o velho rei vivia um dos momentos mais difíceis da sua vida.
- Não digas isso! Desejaste tanto este casamento!
- Mas, então, porque me custa tanto partir? Talvez pudéssemos aguardar só mais um ano...
- Acaba com isso, Teresa! O conde da Flandres enviou uma frota para te vir buscar. Quão incorteses seríamos, se a mandássemos de volta, sem ti!
- Não quero saber de diplomacias e razões de estado! Só sei que não sou capaz de vos deixar.
Afonso replicou, de voz muito calma e segura:
- Deus confiou-nos missões e tarefas importantes, filha. Eu posso ser um velho fraco e enfermo, mas sou ainda el-rei de Portugal. Tu és a infanta, noiva do conde da Flandres. E cumprirás o teu dever, quando ele de ti é exigido!
Teresa levantou-se e limpou as lágrimas. Mais do que nunca, admirou o pai, aquele velhinho mirrado, preso àquela cadeira, de cuja cabeleira imponente de outros tempos restava apenas uma coroa de cabelos brancos. Mas era ele que, naquela hora tão difícil, ainda possuía força suficiente para a chamar à razão. Ouviu-o dizer:
- Já te roubei tempo demais, minha filha. Mereces ter, finalmente, a tua própria vida.
Família real, nobres e criadagem (desde a mais fina aia, íntima das princesas, ao mais grosseiro moço de estrebaria): a corte juntou-se em peso, no recinto da alcáçova, a fim de se despedir da infanta, num processo mais triste do que um enterro, tantas lágrimas se vertiam, tanto fungar se ouvia.
Quando Teresa desapareceu no interior da sua carruagem e o corso se foi lentamente pondo em movimento, as netas de Afonso afagaram-lhe as mãos trementes. Ninguém duvidava de que o velho rei vivia um dos momentos mais difíceis da sua vida.
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