Houve uma
tentativa de cantar É Natal, é Natal,
mas não pegou, os homens e os três rapazes não estavam para aí virados. A avó, porém,
recordou que o filho havia cantado o Silent
Night num coro do liceu, um momento que nunca esquecera. E, a pedido dela, não
obstante a desaprovação da tia Guiomar e da filha Clara, fez-se ouvir a voz
grave e poderosa, mas desafinada, do tio Januário:
Siiiii-ilent Night
Os primos
trocaram olhares. Se Clara se mostrava incomodada, o irmão Mário parecia
encontrar-se literalmente sob tortura. A vontade de rir nos outros primos, porém,
fê-lo descontrair-se um pouco.
Januário, com os
seus olhos esbugalhados, expelia agora um ôôôôôô,
que a Sandra não entendeu. Não fazia parte da canção que ela conhecia. Até que
o tio completou a frase:
Ôôôôôô-ôly Night
Aquela maneira
de ele pronunciar o Holy, sem o
mínimo vestígio de um H expirado, provocou-lhe um ataque de riso muito forte e
ela teve de tapar a boca com o guardanapo. Os rapazes estavam igualmente capazes
de rebentar e também Clara esboçava um sorriso, embora a tia Guiomar continuasse
de nariz torcido. Narciso e Carlos revelavam-se enfadados e Nelinha e Tininha quedavam-se
sem qualquer expressão especial que pudesse revelar o que lhes ia na cabeça,
assim como o avô, que se diria estar a dormir, não fossem os olhos abertos. Já
a avó… A Sandra olhou para ela e pasmou: lágrimas de comoção caíam-lhe pelas
faces.
"sem o mínimo vestígio de um H expirado"
ResponderEliminarBem português! ;)
Boas Festas, Cristina!
Viva, Exilado!
ResponderEliminarAgradeço e retribuo as Boas Festas :)