Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

1 de fevereiro de 2014

História da Vida Privada em Portugal - A Idade Média (7)


Do forte impulso dado à Reconquista por Afonso III de Leão (866-910), levando decididamente a linha de fronteira para o vale do Douro, ou mesmo para o do Mondego na sua extrema sudoeste - aproveitando a profunda crise interna por que passou o emirato cordovês ao longo da segunda metade do século IX -, resultou a criação dos condados de Portugal (868) e de Coimbra (878). Os seus respectivos presores, Vímara Peres e Hermenegildo Guterres, foram os fundadores das duas principais famílias em torno das quais se alicerçou a chamada Nobreza Condal,  que em grande medida liderou até ao final do século XI os destinos políticos do território que mais tarde seria Portugal.

Para além das funções políticas e judiciais/administrativas que exercia por delegação dos reis leoneses, esta nobreza condal definia-se também através de uma série de características claramente reveladoras da sua estruturação cognática. Desde logo, na forma da transmissão do título condal, isto é, da chefia da família, que tanto podia ser feita por via masculina como por via feminina.

Mas é ao nível do regime matrimonial e da transmissão do património que aquelas características mais se evidenciam. Quanto ao primeiro, já devidamente valorizado no ponto anterior, não se pode deixar de acentuar o alto nível de endogamia que o caracterizava. Na verdade, o casamento entre parentes com um grau de consanguinidade muito próximo - primos coirmãos ou tios/sobrinhos - era bastante frequente.

A família - estruturas de parentesco e casamento (pp. 134/135), Bernardo Vasconcelos e Sousa e José Augusto de Sotto Mayor Pizarro


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