Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

9 de novembro de 2014

Divagações

Ninguém censura pais que não tratam bem dos filhos, diz-se que são métodos educativos. Mas toda a gente censura filhos que não tratam bem dos pais.

Concebe-se que os pais batam nos filhos, mas não se concebe o contrário. É, sem dúvida, chocante e inadmissível bater num idoso. O idoso é fraco, é cobarde agredi-lo. Mas não o é agredir crianças? As crianças têm menos direitos que os idosos?

Os pais talvez tivessem a ganhar se fossem mais abertos a outras formas educativas e ouvissem outras opiniões. Costumam ser inflexíveis, no que respeita à educação dos seus filhos. Ninguém tem o direito de se meter! Não terá? E se sentirmos que a criança é reprimida, tratada com injustiça, vítima de violência, objeto de chantagem emocional, posta sob pressão?

Não estou a dizer que nos devemos imiscuir em tudo. Mas não faria mal nenhum aos pais ouvirem e refletirem sobre outras opiniões. A eles pertence sempre a opção de as aceitarem ou não.

Porque se depreende que os filhos foram bem tratados? Porque agimos sempre, em relação a idosos, como se eles tivessem sido pais exemplares? Tratou de ti, lavou-te, alimentou-te, sustentou-te... Sabe-se lá o que acontecia pelo meio do tratar, do lavar, do alimentar, do sustentar...

Foram os pais que puseram os filhos no mundo, não o contrário.


7 comentários:


  1. Crianças e idosos, dois tempos, duas fragilidades, a que é necessário prestar muita atenção. Os pais não devem de forma alguma maltratar os filhos, tendo a sociedade civil uma grande responsabilidade no sentido de o impedir, interferindo mesmo. Os maus-tratos aos idosos vêm na mesma linha, seja da parte dos filhos ou de terceiros.

    Um texto importante que nos leva a reflectir sobre uma matéria que nos afecta como cidadãos e como pais ou descendentes.

    Obrigada, cara Cristina.

    Bj

    Olinda

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  2. Obrigada eu, Olinda, pelas suas palavras compreensivas em assunto tão sensível e controverso. Confesso que modifiquei a data de publicação deste post por três vezes, adiamentos que estiveram perto da desistência.

    Bjs

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  3. Emitir opiniões com relação a Educação infantil requer mais do que habilidade, experiência ou filiação, neste (patamar) de relações a vocação Benvinda.

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  4. Um texto muito lúcido e que muitos deviam reflectir.

    Parabéns!

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  5. Cristina, tens razão, mas não esquecer também que nos dias de hoje começam a ser cada vez mais os filhos a mandar nos pais, desde a mais tenra idade. Tão frequente que é ver crianças a fazer birras, a insultar os pais, até a darem-lhes pontapés... Não precisariam estas crianças de uns pais mais rígidos?

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  6. Tens toda a razão, Vespinha. As crianças precisam de disciplina e ordem. Mas isso é perfeitamente compatível com uma educação onde há lugar para o carinho e a atenção. Eu acho que as pessoas caem em extremos: ou deixam as crianças fazerem o que querem, o que está longe de as satisfazer, pois isso não implica que lhes deem atenção e com certeza não lhes dá orientação; ou são rígidos demais e não permitem um deslize.
    Eu sei que não é fácil e os pais também se sentem sob pressão, com medo de errar. Mas se não ensinarem o carinho, a dignidade e o respeito, dentro de casa (com exemplos, não com lições de moral), dificilmente o terão de volta, um dia.

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