À medida que a noite caía, o arraial
tornava-se mais agreste e jocoso. Os homens e muitas das mulheres já haviam
bebido a sua conta, jograis e segréis começavam com as cantigas de escárnio e
maldizer, a que se juntavam as pantominices de bufões e histriões. Um dos
segréis gabava-se, ao som das cítaras, de obter os favores da mulher de um
nobre, sem este dar pela conta. O povo delirava com a linguagem rude,
gargalhando até à exaustão.
Seguiu-se outra cantiga, em que se contava
como uma dama da nobreza tentava seduzir um jogral, sem ser correspondida.
Apreciava-se este tipo de sátira, maior vergonha não podia suceder a uma fidalga:
dar-se aos amores de um homem de condição inferior, neste caso, com a agravante
de o jogral a desdenhar. Para aumentar a animação, uma das soldadeiras
encarnava o papel da dama, tentando, através de gestos e movimentos sensuais,
atrair um dos histriões. Perante a indiferença deste, não hesitava em agarrar-se
a ele, apalpando-lhe as partes pudendas.
Era o delírio total.
Passou-se a uma cantiga sobre um frade que se
fazia passar por impotente (escaralhado),
mas que ia emprenhando todas as donas que dele se acercavam, tendo três delas dado
à luz no mesmo dia.
Um dos filhos que este frade... (escaralhado) foi fazendo a todas as donas que - sabe-se lá com que intento - dele se acercavam, é quase de certeza, tetra avô do famoso padre de Trancoso que até emprenhou a mãe a quem fêz 2 filhos, fora os outros duzentos e tal que fez a outras donas que dele se acercaram. Razão tinham os homens de Trancoso que se encostávam às paredes, assim que avistavam o padre. «O seguro morreu de velho!»
ResponderEliminarOra bem! O mérito destas cantigas era mostrar aquilo que todos sabiam, mas dinguém dizia ;)
ResponderEliminarMas olha que ha zonas do interior do país onde esta tradição se mantem. Bom, algum jornalismo também faz disto uma arte. Afinal os tempo de D. Dinis não vão tão longe como à partida julgamos...
ResponderEliminar;)
Em certas zonas do interior ainda podemos ver reflexos da mentalidade e dos costumes medievais, sem dúvida :)
ResponderEliminarQuem conhece a vida no interior, encontra muita coisa que lhe é familiar, ao ler livros sobre a vida na Idade Média (do prof. Mattoso e outros).