Os mouros provaram não tencionar desistir.
Martim Moniz e o seu grupo conseguiram forçar a abertura da porta, mas os sarracenos
adiantaram-se, saindo e provocando grande matança entre os cavaleiros
portugueses. Martim Moniz tentou impedir que fechassem novamente os portões e
acabou por morrer esmagado.
O ataque deixou feridos a agonizar na encosta
da alcáçova e, embora já houvesse gente a tratar deles, o irmão
Ambrósio rogou a Jacinta que fosse em seu auxílio, pois mais ninguém curava
como ela.
Seguiu o monge até ao local, apesar de
fatigada, com as madeixas a soltarem-se-lhe da trança, acossadas pelo vento
forte. Movia-se entre os mortos e feridos dando as suas ordens, de sentimentos
fechados, constatando haver poucos guerreiros a quem acudir, pelo que se
despacharia lesta. Não lhe parecia, aliás, haver tarefas que exigissem a sua
intervenção e censurou interiormente o irmão Ambrósio, que a arrastara até ali
sem necessidade.
Antes de volver ao acampamento, deu mais uma
volta, por descarga de consciência. Perto do cemitério islâmico, ouviu alguém
berrar. Virou-se e viu um guerreiro que ainda não estava a ser assistido e que
se tentava arrastar. Gritou-lhe:
- Deixai-vos estar! Vou a caminho!
O homem rebolou, ficando deitado de costas.
Jacinta viu-lhe a barriga ensanguentada. Mas viu algo mais que a fez sentir-se
como se lhe tivessem igualmente furado as entranhas. Ao rebolar, o cavaleiro
perdera o capelo de ferro e o cabelo escapava-se-lhe do almofre, agitando-se ao
vento. Cabelo de um castanho inconfundível!
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