Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

21 de setembro de 2018

29º Aniversário da Biblioteca Municipal Irene Lisboa

No fim-de-semana, o município de Arruda dos Vinhos festeja o 29º aniversário da Biblioteca Irene Lisboa com vários eventos. Tive o privilégio de ser convidada, a par de Raquel Serejo Martins, para uma conversa à volta do tema "Mulheres na Literatura", a ter lugar no sábado, dia 22, pelas 21h 30m, na Sala Jardim da Biblioteca.

Irene Lisboa, autora que dá o nome à nossa biblioteca, acolhe na sua casa a apresentação da narrativa histórica “Memórias de D. Teresa”, de Cristina Torrão e o livro de poemas “Os Invencíveis”, de Raquel Serejo Martins - do site da Câmara Municipal de Arruda dos Vinhos.





20 de setembro de 2018

Gentes e Lugares


«Joaquim aproximava-se dos noventa. Aceitava a inevitabilidade de que Deus o chamaria a Si em breve, como aceitara todas as outras na sua vida: a pobreza, os filhos que lhe tinham morrido pequenos, o trabalho de sol a sol, o calor infernal, a geada e a neve. Aceitava igualmente com paciência os desconfortos inerentes à velhice. Já não sabia o que era viver sem dores nas articulações e sem força nas pernas, nem o que era ouvir mais do que apenas sons abafados e distantes, nem tão-pouco se lembrava de como o olhar é nítido na juventude».

In "Identidade", conto de minha autoria, incluído na coletânea "Gentes e Lugares - Contos e Contas de Autores Transmontanos", uma edição da Academia de Letras de Trás-os-Montes e que vai ser apresentada amanhã em Mirandela.





18 de setembro de 2018

O Guardião do Silêncio





Maravilhoso pequeno-grande livro, que passa/passou despercebido neste complexo mundo editorial, em que se edita tanta coisa que não interessa a ninguém e onde meia dúzia de editoras comandam o mercado de um país com pouco hábitos de leitura. Entre a quantidade de autores portugueses contemporâneos que tenho lido (incluindo vencedores e finalistas de importantes prémios literários), coloco esta obra de Ana Paula Mateus num grupo de quatro ou cinco eleitos.

David, um pintor com apenas um gato por companhia, vive num velho moinho perto da praia, amargurado, remoendo o arrependimento de não ter aproveitado melhor o amor que surgiu na sua vida, uma mulher, cujo retrato ele insiste em pintar, tentando tornar visível o silêncio que sente dentro de si. Matilde é uma professora que vive suspensa numa relação proibida, sem aparente solução à vista. Dá passeios solitários pela praia, onde não pode deixar de reparar no moinho, e acaba por se cruzar com David.

A autora conta-nos as tragédias que envolvem estas duas personagens numa linguagem poética, mas fluida, que deixa sempre o enredo em primeiro plano. Este romance (eu considero-o um romance, apesar de a autora o definir como “quase romance”) mostra-nos como a tristeza pode ser bela.


16 de setembro de 2018

Memórias de Dona Teresa na Feira do Livro do Porto


«Estou a morrer. Na solidão de um quarto humilde, de paredes despidas.
Conheci o poder, acreditava dominar este mundo e o outro. Julgava poder sair da minha pele, remando contra a maré, dando vazão à ânsia indomável que me consumia. Venci vagas e julguei-me invencível, mesmo quando novas surgiam, cada vez mais altas, atiçadas por vento impiedoso, que desencorajava quem tencionava abrigar-me.
Quão solitário procedimento! Recusei-me a crer que fora longe demais, quando as vagas me roubavam as forças. Recusei-me a aceitar que remava sem avançar, que enfim recuava, até ser despejada na praia, derrotada, fraca, enferma…»

In "Memórias de Dona Teresa"

É já amanhã, da Feira do Livro do Porto: