Estas afirmações (por mim traduzidas do alemão) podem ser lidas no site da ZDF, onde o nosso país é caracterizado pela expressão que serve de título a este post. E eu cito-as aqui porque referem um problema poucas vezes mencionado, ainda e sempre subestimado, mas que não deixará de causar dissabores enquanto persistir.
Em Portugal, não se aprendem profissões, ainda prevalece a mentalidade do "jeitoso", que vai aprendendo à medida que trabalha. Uma falha no sistema educativo, que é igualmente responsável pela desmotivação de muitos estudantes que desistem do liceu a meio, ou empurra outros para cursos superiores por falta de alternativas, correndo o risco de não arranjarem um emprego condizente. Além disso, permite a qualquer "jeitoso" fundar uma firma, sem dar provas das suas competências. Na Alemanha, um mecânico de automóveis, por exemplo, só é autorizado a abrir uma oficina se tiver o título de Meister. Este consegue-se frequentando um curso (normalmente de três anos), depois de se ter cumprido um certo tempo de escolaridade (não precisa do 12º ano), ao fim do qual se faz um exame rigoroso.
O investimento neste tipo de ensino demoraria a dar os seus frutos. Mas, se Portugal o tivesse feito a partir de meados dos anos oitenta (quando o país entrou na CEE) os resultados já se sentiam. E talvez a crise não nos apanhasse tão desprevenidos e ninguém nos apelidasse de "Casa Pobre da Europa".
Isso apenas se deve à política de baixos salários seguida pelos nossos empresários que preferem sempre um jeitoso do que alguém com formação a quem teriam de pagar um pouco mais.
ResponderEliminarSim, é todo um sistema que não está vocacionado para técnicos/trabalhadores realmente especializados (eles continuam a ser a excepção). Mas este vácuo no ensino é, a meu ver, preocupante (ainda para mais, agora, que se fala na geração nem-nem). E, se a Comissão Europeia o aponta como o responsável pela baixa produtividade (segundo o artigo em questão) admira-me que o assunto não seja mais discutido em Portugal.
ResponderEliminarCristina, como disse lá no Delito, concordo consigo. Não sei se os chamados cursos de ensino profissional pretendem cumprir, em Portugal, a mesma função (parece-me, pelo que diz, que na Alemanha aquilo é mais sério). Por outro lado, nunca tendo dado aulas ao ensino profissional, muitos colegas dizem-me que os pais reagem quase sempre mal quando lhes é sugerido que o filho não opte pelo ensino regular...
ResponderEliminar
ResponderEliminarOs baixos salários praticados, seriam porventura uma das razões por que muitas famílias, querendo dar o melhor aos mais novos, os faziam estudar para além do secundário. Hoje, porém esse argumento perdeu validade, pois os licenciados, se têm trabalho, ou não é remunerados (trabalho disfarçado de estágios) ou então recebem salários muito próximos do ordenado mínimo. (480 euros aproximadamente) Ora, isto, empurra para a emigração uma geração inteira que faz falta à recuperação de um país "vandalizado".
Conheço muitas famílias que, entre ter os filhos sem trabalhar nem estudar, optam por prolongar os estudos, para os manter ocupados e longe de maus vícios. É preciso não esquecer que as pequenas e médias empresas que, tradicionalmente, davam emprego a quadros médios, fecham em catadupa e as que resistem sofrem de um estrangulamento fiscal tal que morrem de morte lenta não podendo, por isso, criar emprego.
Não há licenciados a mais, há atividade económica a menos, o que empobrece e retira a dignidade aos cidadãos... E há também uma apetência da classe política para mascarar a verdade, enquanto o país se afunda.
Um beijo
Pois, há falta de alternativas. E a atual situação económica só piora, é verdade.
ResponderEliminarBeijinho, Lídia :)