Mas, quando passaram as casas de São Pedro, e entraram na estrada, silenciosa e triste, Cruges mexeu-se, tossiu, olhou também para a Lua, e murmurou de entre os seus agasalhos:
- Ó Alencar, recita para aí alguma coisa...
O poeta condescendeu logo - apesar de um dos criados ir ali ao lado deles, dentro do break. Mas, que havia ele de recitar, sob o encanto da noite clara? Todo o verso parece frouxo, escutado diante da Lua! Enfim, ia dizer-lhe uma história bem verdadeira e bem triste... Veio sentar-se ao pé do Cruges, dentro do seu grande capotão, esvaziou os restos do cachimbo e, depois de acariciar algum tempo os bigodes, começou, num tom familiar e simples:
Era o jardim de uma vivenda antiga
Sem arrebiques d'artes ou flores de luxo;
Ruas singelas d'alfazema e buxo,
Cravos, roseiras...
- Com mil raios! - exclamou de repente o Cruges, saltando de dentro da manta, com um berro que emudeceu o poeta, fez voltar Carlos da almofada, assustou o trintanário.
O break parara, todos o olhavam suspensos; e, no vasto silêncio da charneca, sob a paz do luar, Cruges, sucumbido, exclamou:
- Esqueceram-me as queijadas!
Os Maias, Eça de Queiróz
Já estou de garganta em estado de me fazer aos doces...
ResponderEliminarEheheh... toda giraça ;)
ResponderEliminarObrigada pela referência ao Tertúlia.
ResponderEliminarA Lucy ficou muito gira na foto, faz lembrar o Milú do Tintin :)