A
maior parte de nós vive na ânsia de colecionar experiências, umas a seguir às outras,
quanto mais exclusivas, melhor. Chegamos a sacrificar os nossos gostos
pessoais, em nome dessa política. O importante é viver algo diferente, todos os
dias. Temos medo de nos aborrecermos. Ou de estarmos sozinhos.
No
fundo, não vivemos, porque não damos utilidade àquilo que experimentamos. Sem coisas novas, caímos no
vazio. E não nos passa pela cabeça pensarmos em nós próprios, no que está bem e
no que está mal, no que nos agrada e no que não nos agrada. Prescindimos do
prazer de recordar e esmiuçar as vivências agradáveis e desprezamos a
utilidade de aprendermos com as desagradáveis.
As
experiências, boas e más, só nos são úteis se tivermos ocasião de as analisar
e trabalhar. Mas sentimo-nos sem valor. Convencemo-nos de que ninguém está
interessado em ocupar-se dos nossos pensamentos, das nossas ideias, preferências
e experiências. Ninguém (julgamos), nem sequer nós próprios. Porém, se nos
limitarmos a reunir experiências, abafamos o nosso poder criativo,
desperdiçando todo um potencial.
Todos
nós temos algo que contar. Qualquer vida é única e contém aspetos insólitos,
interessantes e originais. É preciso ter coragem de ir à procura deles. E aquilo
que pretendemos esquecer, que nos forçamos a ignorar, é o mais digno de ser
gritado ao mundo.
Totalmente de acordo. Eu declarei guerra às coisas que tenho, ou que passam por mim, sem serem aproveitadas ou gozadas. Correr atrás da novidade sem saborear o presente, não.
ResponderEliminarÉ isso mesmo, Sissi.
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