Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

15 de setembro de 2012

Viver à pressa


A maior parte de nós vive na ânsia de colecionar experiências, umas a seguir às outras, quanto mais exclusivas, melhor. Chegamos a sacrificar os nossos gostos pessoais, em nome dessa política. O importante é viver algo diferente, todos os dias. Temos medo de nos aborrecermos. Ou de estarmos sozinhos.

No fundo, não vivemos, porque não damos utilidade àquilo que experimentamos. Sem coisas novas, caímos no vazio. E não nos passa pela cabeça pensarmos em nós próprios, no que está bem e no que está mal, no que nos agrada e no que não nos agrada. Prescindimos do prazer de recordar e esmiuçar as vivências agradáveis e desprezamos a utilidade de aprendermos com as desagradáveis.

As experiências, boas e más, só nos são úteis se tivermos ocasião de as analisar e trabalhar. Mas sentimo-nos sem valor. Convencemo-nos de que ninguém está interessado em ocupar-se dos nossos pensamentos, das nossas ideias, preferências e experiências. Ninguém (julgamos), nem sequer nós próprios. Porém, se nos limitarmos a reunir experiências, abafamos o nosso poder criativo, desperdiçando todo um potencial.

Todos nós temos algo que contar. Qualquer vida é única e contém aspetos insólitos, interessantes e originais. É preciso ter coragem de ir à procura deles. E aquilo que pretendemos esquecer, que nos forçamos a ignorar, é o mais digno de ser gritado ao mundo.


2 comentários:

  1. Totalmente de acordo. Eu declarei guerra às coisas que tenho, ou que passam por mim, sem serem aproveitadas ou gozadas. Correr atrás da novidade sem saborear o presente, não.

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