Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

29 de abril de 2013

Presos e seus carcereiros


Os capitães de Abril têm, justamente, o seu lugar na História e devemos estar-lhes infinitamente gratos. Mas a jornalista do Expresso Joana Pereira Bastos lembra-nos que houve muita gente anónima que lutou para derrubar a ditadura. No seu livro Os Últimos Presos do Estado Novo (Oficina do Livro) apresentado, a 23 de Abril, na livraria Buchholz, por Manuel Alegre, ela descreve a passagem de vários oposicionistas às ditaduras salazarista e marcelista pelas prisões de Caxias e Peniche e os traumas provocados pela tortura que "perduram até aos dias de hoje".


Acho uma excelente ideia. A revolução dos cravos, e tudo o que a ela esteja ligado, deve ser explorado sob os mais variados quadrantes possíveis. Não falta informação e (grande preciosidade) há, claro, ainda muita gente viva que viveu os acontecimentos de perto. Trata-se, por assim dizer, de condições de sonho, bem diferentes daquelas com que nos deparamos, quando pretendemos pesquisar sobre a Idade Média, por exemplo. Apetece-me dizer: a História aqui tão perto...

Aproveito esta ocasião para abordar um assunto ainda não tratado. Como em muitas ocasiões históricas, tendemos a resumir os acontecimentos a uma luta entre os bons e os maus. Longe de mim pretender branquear a ação dos funcionários da PIDE, mas não nos esqueçamos de que eram seres humanos, com tudo o que essa condição implica. Uma família, por exemplo! Ainda nada foi dito sobre o efeito do 25 de Abril nas crianças, filhas desses funcionários e inspetores, por mais cruéis que estes tenham sido. De privilegiadas, essas famílias passaram a malditas. Com que dificuldades e discriminações foram confrontadas? E que consequências teve isso nas suas vidas?

Penso que seria igualmente um tema interessante, embora, calculo, tabu, até ao momento. Será cedo demais?

Nota: um agradecimento à Ana Lemos, que me chamou a atenção para este livro aqui (na caixa de comentários).


5 comentários:

Ana Lemos disse...

Obrigada Cristina :)

Nestes dias, depois do 25 de abril e o aproximar da Feira do Livro em Lisboa (23 de maio a 10 de junho) vão surgir vários livros novos ou "reciclados" sobre este tema.

Uma vez que não vive em Portugal, não sei se tem conhecimento que a RTP fez uma serie chamada "Conta-me como foi" (sobre o periodo anterior ao 25 de abril) e está agora a transmitir outra "Depois do adeus" (sobre o periodo após o 25 de abril, a situação dos retornados quando chegaram a Portugal)...
No site da RTP há uma aplicação que se chama RTP Play onde pode ser programas que passaram nos canais RTP, deixo aqui estes 2:

Conta-me como foi http://www.rtp.pt/play/p124/conta-me-como-foi

Depois do Adeus
http://www.rtp.pt/play/p1035/depois-do-adeus-2013

Espero que goste....

Beijinhos

Cristina Torrão disse...

Olá Ana, já tinha ouvido falar dessas séries, ou melhor, tinha lido, pelos blogues. É muita amabilidade sua deixar aqui esses links, obrigada :)

Vespinha disse...

Vou comprar.

Ana Lemos disse...

De nada...aproveite para ver essas series e outros programas... ;)
Beijinhos

Cristina Torrão disse...

Eu também, Vespinha :)