Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

18 de abril de 2013

Divagações Abrilinas (3)





Aos sábados, as alunas cantavam o hino nacional, de pé, viradas para os retratos do Presidente da República, Almirante Américo Thomaz, e do Presidente do Conselho de Ministros, Professor Marcello Caetano, pendurados na parede, sobre o quadro de ardósia. O sábado era um dia especial, de preparação para o fim-de-semana, e não se faziam contas nem ditados. As meninas começavam por se dedicar à malha, ao croché e aos bordados. Quando a professora julgava oportuno, pousavam os lavores e cantavam o atirei o pau ao gato, ou o coelhinho que comeu uma grande cenoura, ou o balão do João.
Gostavam daquilo. Num tempo em que a televisão a preto e branco era o cúmulo da tecnologia e as crianças apanhavam um tabefe por cada grito mais estridente, ou uma reguada por cada erro ortográfico (sem contar as vezes em que não sabiam porque é que apanhavam), poder cantar, na sala de aula, era uma autêntica extravagância.


3 comentários:

Bartolomeu disse...

Também recordo esse belo tempo, Cristina. O meu, um pouco mais velho, porque ainda era Salazar o Presidente do Conselho.
Recordo-me também de brincar livremente na rua. Quase não havia automóveis. Lembro-me da televisão e do luxo que representava possuir uma. Lembro-me das matinés nos sábados à tarde a assistir aos filmes do Joselito e da Marisol, do Pamplinas, do Abbott e Costello, do Cantinflas, uma barrigada de riso. Lembro-me do habito de conversar com familiares e amigos, de escrever cartas aos que se achavam mais distantes e, ao imenso prazer de receber correspondência. Lembro-me dos postais de aniversário de Natal e de Páscoa. Lembro-me das reuniões de família e de amigos, dos pic-nic aos domingos e dafranqueza das relações. Lembro-me do peso que tinham a palavra de honra e a honestidade, tanto nos relacionamentos, como nos negócios. Lembro-me com imensa clareza da estupefacção, da incredulidade nos rostos e nas expressões daqueles que tomavam conhecimento de uma fraude praticada por alguém que era tida na melhor conta. Lembro-me de uma expressão que perdeu de todo o significado: "por esse, coloco as minhas mãos no fogo".
Mas aqui para nós, minha Amiga; os sinais, levam-me a acreditar que muito do que se perdeu, irá de uma forma natural ser recuperado. Sinal disso, são os movimentos de solideriedade, com o fim de ajudar aqueles que se encontram em situações de vida mais difícil.
Vale a pena continuar a acreditar na Humanidade e nas suas qualidades.
;)

Cristina Torrão disse...

Bem, é verdade que havia valores que desapareceram. O povo talvez fosse mais sincero, mais "terra-a-terra". E o mundo era mais simples para as crianças, sem dúvida. Essas tuas saudades, porém, estarão mais ligadas à inocência e simplicidade perdidas, do que ao regime repressivo do Estado Novo.
Eu não tive tanta liberdade. Talvez por ser menina... Mas lembro-me do Cantinflas ;)

E, sim, acho que vale a pena continuar a acreditar na Humanidade. Aliás, não temos outra hipótese, caro Amigo.

Fátima Soares (Verniz Negro) disse...

Minha amiga! Desculpa-me a quase má educação de não ter dito onde estou, agora, porém depois de quase tudo feito e organizado, venho finalmente agradecer-te o carinho de me leres, comentares e seres minha amiga que é o principal e o mais importante e dizer-te que estou aqui, onde espero começar tudo de novo e ter paz e sossego:
http://verniz-negro.blogs.sapo.pt
http://osaldosamendoins.blogs.sapo.pt
http://com_vence_me.blogs.sapo.pt

Muito obrigado pelo teu carinho! Desejo-te o melhor e um bfsemana!!!Beijinho grande