Esta tarde apetece-me o caminho fácil, dizia a Carla Soares, a propósito das opções que somos obrigados a tomar, no dia-a-dia.
Tentamos ser o mais perfeitos possível, o que implica escolher o caminho mais difícil. É de louvar. E aplaca-nos a consciência. Caso contrário, sentimos necessidade de nos justificarmos, ou amarzenamos sentimento de culpa.
Por vezes, no entanto, somos mais severos connosco próprios do que com os outros. Passamos a vida a desculpar os outros - «não faz mal»; «o que tem?»; «não te preocupes» - e não nos admitimos uma falha que seja.
Será justo? Porque não havemos de, de vez em quando, optar pelo caminho mais fácil, sem nos censurarmos? Porque não aprendemos a desculparmo-nos, em vez de estarmos sempre a pedir desculpa aos outros? Nesta nossa busca incansável pela perfeição, de nos superarmos a nós próprios, esquecemo-nos de que há uma vida para viver. Uma vida que consiste de pequenos nadas, coisas, à primeira vista, insignificantes, mas apenas porque não nos damos ao trabalho de reparar nelas.
Não temos de tentar sempre agarrar as estrelas. Muitas vezes, o que está aos nossos pés, e que nos esforçamos por ignorar, faz-nos muito mais felizes.
Pois é, Cristina, e essa ideia ocorre-me cada vez mais - deixar de ser tão exigente e insatisfeita com o que vou produzindo, nas várias áreas do meu dia a dia.
ResponderEliminarO difícil é torcer o hábito de uma vida...
Quando se tenta, Carla, já se vai no bom caminho ;)
ResponderEliminarCristina
ResponderEliminaraprendi com a vida que há duas coisas que nunca devemos fazer:
- pedir desculpa por existir
- martirizarmo-nos com o arrependimento (só as beatices católicas o valorizam; o arrependimento é, a par da saudade, um dos sentimentos mais inuteis que existe)
Um ABRAÇO!
Que bonitas palavras que aqui escreves, Manuel, obrigada :)
ResponderEliminarÉ verdade: as "beatices católicas" valorizam demasiado, tanto o arrependimento, como, a meu ver, a humildade. E ensinam-nos a martirizar-nos sem razão.