Júnia
O título desta série aplica-se literalmente a esta mulher, cujo papel a Igreja não se limitou a menorizar. Júnia desapareceu, de facto, da Bíblia, durante vários séculos!
Na sua carta aos romanos,
São Paulo saúda dois apóstolos importantes, Andrónico e Júnia, um casal
missionário: «Cumprimentos também a Andrónico e a Júnia, meus compatriotas e
companheiros de prisão. Eles são bem conhecidos entre os apóstolos e
tornaram-se fiéis de Cristo ainda antes de mim», Rm 16:7.
Esta passagem tem provocado
problemas de tradução. «Conhecidos entre os apóstolos» (noutra versão: «os
quais se distinguiram entre os apóstolos») pode não querer dizer que os dois igualmente
o fossem, mas a maioria dos teólogos, hoje em dia, é de opinião de que São
Paulo os considerava apóstolos (tanto o homem, como a mulher). João Crisóstomo,
um dos Pais da Igreja, arcebispo de Constantinopla (fins do século IV e início
do V), afirmou: quão importante seria esta mulher,
para ser considerada apóstolo/a por São Paulo!
E, no entanto, Júnia foi,
durante séculos, transformada num homem! Egídio de Roma, um estudioso da Bíblia da
época medieval (1243-1316), corrigiu o nome para Júnias, a versão masculina, sem
fundamentar essa sua opção. Hoje pensa-se que o facto de Júnia ser a única
mulher nomeada «apóstolo» no Novo Testamento confundia a mentalidade medieval. Dois
séculos mais tarde, Jacques LeFevre, um teólogo francês, deu continuidade à versão masculina, assim como Martinho Lutero, pelo que ela se manteve até aos anos
setenta do século XX!
A diferença entre os dois
nomes, no grego, é muito subtil, apenas uma questão de acento: Ἰουνίαν, Júnia (nome feminino), ou Ἰουνιᾶν, Júnias (nome masculino). Mas
tudo leva a crer que se tratava de um casal (Andrónico e Júnia). São
Paulo saúda vários casais nessa mesma carta. E o teólogo Hans-Gebhard Bethge,
Professor do Novo Testamento na Universidade Humboldt de Berlim, lembra que, nos
primeiros anos do Cristianismo, não havia igrejas e os cristãos se reuniam em
casas particulares, onde celebravam a eucaristia, tendo, como cicerone,
normalmente, um casal.
A ZDF anda a tentar provar à igreja que o dogma que dita a interdição do sacerdócio às mulheres, não se sustenta em nenhuma ordem divina?!
ResponderEliminarAcrescente-se então, uma brevíssima dúvida, talvez estribada na indumentária religiosa: os habitos religiosos e os paramentos eclesiásticos, tendem a ser largos, austeros e constituídos de uma só peça, por forma a não evidenciar, ou até a dissimular as formas corporais.
depreende-se um interesse forte, em que se tornem os sexos indistintos, apesar de essa tática, na prática, não funcionar.
Então; qual o interesse de Roma ividencia, em "apagar" a mulher da história eclesiástica?
Sim, Bartolomeu, no fundo, o objetivo deste documentário foi mesmo esse: em nenhuma parte do Novo Testamento se diz que o sacerdócio está reservado aos homens (ou que está proibido às mulheres).
ResponderEliminarQual será o interesse de Roma? Pois, ainda estou para saber...
«Júnia desapareceu, de facto, da Bíblia, durante vários séculos!»
ResponderEliminarE ninguém se lembrou de a procurar em Pitões ;)
E se é minhota é de "pelo na venta" ;)
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