Santa
Maria Madalena – 1ª
Parte
Apesar de,
cronologicamente, Maria de Magdala surgir, nos textos bíblicos, primeiro do que
as outras três mulheres citadas nesta série, deixei-a para o fim por ser uma
figura especial e, por isso, controversa.
Como
já referido, a teóloga austríaca Andrea Taschel-Erber diz-nos que ela se
tornou num repositório de fantasias e medos medievais, numa femme fatale da Cristandade. Andrea
Taschel-Erber rejeita a versão de Gregório I, que, à volta do ano 600, identificou
Maria Madalena com Maria de Betânia do Evangelho de São João e com a pecadora
do Evangelho de São Lucas. A teóloga austríaca tem dedicado a sua vida ao
estudo de Santa Maria Madalena e chegou à conclusão de que ela não teria um
passado especial, sendo apenas uma mulher que fazia parte dos seguidores de
Jesus Cristo, desde o início.
Viria, porém, a ter um
papel muito importante, no fundar do Cristianismo, por ter sido ela a
testemunhar o milagre da ressurreição. No Evangelho de São João, é Maria de
Magdala, sozinha, que depara com o túmulo vazio. Vai a correr avisar Simão Pedro
e um outro discípulo, que, por sua vez, se deslocam ao túmulo, dando com as
ligaduras que haviam envolvido Cristo abandonadas. Os homens, porém, regressam
a casa sem compreender o que havia acontecido, só Maria fica junto ao túmulo, a
chorar. E foi-lhe concedido o privilégio de ser a primeira pessoa a ver Cristo
ressuscitado, ou seja, uma mulher foi a primeira testemunha do milagre da
Páscoa, o verdadeiro início do Cristianismo.
"Jesus chamou-a:
«Maria!» Ela, voltando-se, exclamou em hebraico: «Rabuni!» (palavra que quer dizer 'Meu Mestre')".
João 20:16
Maria de Magdala compreendeu
e foi comunicar o milagre aos outros, foi ela a anunciadora da ressurreição. Para
a teóloga austríaca Andrea Taschel-Erber, tal facto faz dela uma profetisa.
Depois do milagre da
Páscoa, porém, esta importante personagem desaparece dos escritos canónicos da
Bíblia. A Legenda
Áurea ou Lenda Dourada, uma compilação das vidas dos santos,
que se tornou muito popular na Idade Média, diz-nos que Maria Madalena terá
sido posta num barco. O vento levou-a à costa francesa, onde ela terá vivido,
durante trinta anos, numa gruta, a redimir-se dos seus pecados.
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