Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

8 de junho de 2013

Romancear a História: Verdade ou Ficção?


A resposta a esta pergunta parece óbvia: um romance é ficção; um livro científico conta a verdade. Mas será esta distinção assim tão simples?

O Professor José Mattoso inicia a biografia de D. Afonso Henriques (Temas e Debates, 2007) com a seguinte frase: «Não é preciso ser historiador profissional para perceber que não se pode traçar a biografia de uma personagem medieval sem uma grande dose de imaginação».


Esta foi uma das questões discutidas na animada tertúlia, que teve lugar no lindo espaço da Poética, a livraria da Virgínia do Carmo, a 1 de Junho, em Macedo de Cavaleiros. Entre os participantes, encontrava-se um estudioso da História do Nordeste Transmontano, autor do blogue Cousas de Macedo de Cavaleiros, que, junto com duas professoras de História, muito contribuiu para animar outro tema de discussão: a fiabilidade das crónicas medievais. Por um lado, elas não nos dão um retrato da sociedade daquele tempo, mas, apenas, de uma minoria, entenda-se: da Nobreza e do Clero. Por outro, cingem-se ao modelo ideal, indicado pela Igreja, ou seja, não nos dizem como as coisas eram, mas como deviam ser. E, salvo raras exceções, excluem as mulheres.

No que respeita à ficção propriamente dita, é essencial ter consciência dela. Mas todos concordaram em que os romances históricos podem levar os leitores a interessarem-se por determinado período histórico (ou personalidade), sendo levados a consultar as obras dos nossos prestigiados historiadores. Principalmente as professoras opinaram que um romance histórico apelativo e bem pesquisado é um dos melhores meios para motivar os jovens para o estudo da História.


Mais uma vez, os meus agradecimentos à Virgínia do Carmo e a todos os participantes. A tertúlia foi um bom momento nesta minha estadia em Portugal, ensombrada pela doença grave de uma familiar muito próxima.

 

2 comentários:

  1. Muito interessante a vossa tertúlia, Cristina.
    Lamento ter decorrido tão longe.
    Concordo inteiramente com o sentido da frase do Prof. José Mattoso, desde que o escritor ou o historiador não se deixem transportar demasiadamente nas "asas da imaginação" sob risco de a dado momento passarem de historiadores a inventores.
    ;)
    Concordo ainda com a opinião das professoras de História. Há dias, ouvia a entrevista de um académico que afirmava que o desinteresse demonstrado por uma maioria de alunos, relativamente à disciplina de matemática, se ficava a dever a não terem tido um primeiro bom professor da disciplina.
    Eu, penso que relativamente à História se passe o mesmo. Se o primeiro professor, "der " aos alunos, nomes, datas e locais para decorar, penso que dificilmente o "indígena" venha a criar interesse pela disciplina. Mas se em lugar disso lhe falar cronologicamente dos factos, o aluno por si irá criar interesse em saber, em que época ocorreram, onde, e como se chamaram os protagonistas.
    Penso eu de que...
    ;))

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  2. Näo há dúvida de que os professores têm uma influência enorme. Eu, que nunca tive jeito para o desenho, adorei a disciplina de Educacäo Visual, no 2° ano do ciclo, por causa do professor extraordinário que tive (nunca mais me esqueci; se eles soubessem como nos podem marcar, tanto positiva como negativamente...).
    De momento, custa-me apontar defeitos aos professores, porque estäo numa situacäo má (como quase toda a gente) e poucas condicöes e incentivos teräo para ensinar de forma criativa. Mas, com ou sem condicöes, é certo que há pessoas com mais "alma de professor" do que outras.

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