Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

24 de junho de 2013

Mais uma vez os cães perigosos



Chego à conclusão de que é compreensível a animosidade que muita gente ainda tem em relação aos cães, em Portugal, vendo-os como feras imprevisíveis, prontas a atacar pessoas indefesas. Eu própria tive problemas, na minha última estadia. E tudo porque o sentido de responsabilidade da maior parte dos donos me parece mínimo, ou mesmo inexistente.

Na pequena cidade de Macedo de Cavaleiros, além dos cães que vagueiam pelas ruas, durante todo o dia, há aqueles que passam o dia acorrentados nos jardins e são soltos, ao fim da tarde, para que deem as suas voltas, sem qualquer tipo de controlo! Para quem anda com um cão pela trela, o perigo aumenta, pois, se poucos cães atacam pessoas, muitos atacam outros cães. Eu e o meu marido suámos frio, quando a nossa pequena cadela esteve prestes a ser atacada pela rottweiler do vizinho, que andava solta. Felizmente, reagiu, com receio, aos nossos berros e afastou-se. Pura sorte! Caso contrário, teria esfrangalhado a nossa Lucy. E pode fazer o mesmo a uma criança que vá a passar e esbraceje, ou dê um grito mais estridente. Gestos bruscos e gritos agudos põem certos cães muito nervosos.

Também foi muito desagradável passear com a Lucy perto da praia da Granja, passando por vivendas guardadas por cães enormes, que se atiravam furiosos contra as grades dos portões, ou pareciam prestes a saltar os muros. Em Portugal, ainda há o costume de pôr cães de grande porte a guardar as casas, às vezes, dois ou três, sem qualquer tipo de assistência, cães aborrecidos, cujo passatempo preferido é atacar quem os incomode. É caso para perguntar: que mal fizemos nós para estarmos expostos a tal agressividade gratuita?

No entanto, eu chamo mais uma vez a atenção para que a responsabilidade dessas situações é apenas humana! Os cães têm uma psique complexa e nenhum cão é igual a outro. Quem já teve, pelo menos, dois (e se dedicou a eles), constatou que há sempre situações em que os animais reagem de maneira completamente diferente. Os cães precisam de ser sociabilizados, ocupados e que lhes deem um sentimento de pertença. Principalmente isto é muito importante. Um cão integrado numa família, grande ou pequeno, que aprenda a amar e a respeitar as pessoas com quem vive, dificilmente se tornará num perigo público. E mesmo que tenha tendência a ser agressivo em relação a estranhos, é obrigação do dono acalmá-lo, vigiá-lo e responsabilizar-se por ele. Isto só se consegue com uma relação de grande confiança de parte a parte.

Os cães não são objetos, nem computadores que respondem a teclas, nem tão-pouco guardas ou porteiros que não precisam de salário, nem, ainda, sistemas de alarme, cuja única manutenção são restos de comida que se costumam atirar para o lixo. Um cão saudável só ataca quando se sente ameaçado. Compete-nos a nós, que os trazemos para o nosso meio, ensinar-lhes o que é, ou não, ameaça!


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