Chego à conclusão de que é compreensível a animosidade que muita gente ainda tem em relação aos cães, em
Portugal, vendo-os como feras imprevisíveis, prontas a atacar pessoas
indefesas. Eu própria tive problemas, na minha última estadia. E tudo porque o sentido de
responsabilidade da maior parte dos donos me parece mínimo, ou mesmo
inexistente.
Na
pequena cidade de Macedo de Cavaleiros, além dos cães que vagueiam pelas ruas,
durante todo o dia, há aqueles que passam o dia acorrentados nos jardins e são
soltos, ao fim da tarde, para que deem as suas voltas, sem qualquer tipo de
controlo! Para quem anda com um cão pela trela, o perigo aumenta, pois, se
poucos cães atacam pessoas, muitos atacam outros cães. Eu e o meu marido suámos
frio, quando a nossa pequena cadela esteve prestes a ser atacada pela rottweiler do vizinho, que andava solta.
Felizmente, reagiu, com receio, aos nossos berros e afastou-se. Pura sorte!
Caso contrário, teria esfrangalhado a nossa Lucy. E pode fazer o mesmo a uma
criança que vá a passar e esbraceje, ou dê um grito mais estridente. Gestos
bruscos e gritos agudos põem certos cães muito nervosos.
Também
foi muito desagradável passear com a Lucy perto da
praia da Granja, passando por vivendas guardadas por cães enormes, que se
atiravam furiosos contra as grades dos portões, ou pareciam prestes a saltar os
muros. Em Portugal, ainda há o costume de pôr cães de grande porte a guardar as
casas, às vezes, dois ou três, sem qualquer tipo de assistência, cães aborrecidos, cujo passatempo
preferido é atacar quem os incomode. É caso para perguntar: que mal fizemos nós para estarmos expostos a tal agressividade gratuita?
No
entanto, eu chamo mais uma vez a atenção para que a responsabilidade dessas
situações é apenas humana! Os cães têm uma psique complexa e nenhum cão é igual a outro. Quem já teve, pelo menos, dois (e se dedicou a eles), constatou que há sempre situações em que os animais reagem de maneira completamente diferente. Os cães precisam de ser
sociabilizados, ocupados e que lhes deem um sentimento de pertença.
Principalmente isto é muito importante. Um cão integrado numa família, grande
ou pequeno, que aprenda a amar e a respeitar as pessoas com quem vive,
dificilmente se tornará num perigo público. E mesmo que tenha tendência a ser
agressivo em relação a estranhos, é obrigação do dono acalmá-lo, vigiá-lo e
responsabilizar-se por ele. Isto só se consegue com uma relação de grande confiança de parte a parte.
Os
cães não são objetos, nem computadores que respondem a teclas, nem tão-pouco
guardas ou porteiros que não precisam de salário, nem, ainda, sistemas de
alarme, cuja única manutenção são restos de comida que se costumam atirar para
o lixo. Um cão saudável só ataca quando se sente ameaçado. Compete-nos a nós,
que os trazemos para o nosso meio, ensinar-lhes o que é, ou não, ameaça!
Subscrevo na íntegra. Bichos, só com donos responsáveis.
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