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Assembleia Constituinte dispunha de uma esmagadora «maioria burguesa»! Gabriel
García Márquez descreveu o desalento e o receio dos revolucionários:
Em Portugal, muitos acreditam que o
primeiro grande erro que a revolução cometeu foram as eleições de 25 de Abril [de 1975]. Foram realizadas contra a vontade do partido comunista (PCP), que só
obteve 12% dos votos (…) As análises mais sérias concordam, sem dúvida, que
estes resultados não correspondem à realidade, porque numa situação como a
actual em Portugal não é possível aferir a realidade política pela quantidade
de votos. «O PS obteve mais votos, mas o PCP tem uma maior força política
devido à sua real implantação nas bases», disse-me um professor universitário.
«Além disso, a direita destronada, mais hábil e inteligente, orientou os seus
votos para o socialismo, ou seja, escondeu-se dentro da legalidade eleitoral
para pôr um travão na revolução».
«Caímos numa armadilha tola», disse-me
um membro do Conselho da Revolução. «As eleições foram prometidas na euforia do
primeiro momento, sem um conhecimento real das condições do país, e não as
realizar poderia ter comprometido a credibilidade do MFA». Respondi-lhe que a
revolução cubana, apesar das pressões vindas de todos os lados, não se deixou
cair nessa armadilha.
Centro de Documentação 25 de Abril |
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