Já muito se escreveu sobre este tema, mas eu prometo não falar de lugares-comuns, como o eReader ser levezinho, caber lá uma quantidade de romances, proporcionar a leitura de clássicos que se descarregam gratuitamente na internet, mas ter o defeito de não cheirar a papel, etc., etc.
Como escritora, descobri uma nova utilidade: ler os meus originais em forma de livro. Através de um programa arranjado pela minha cara-metade, converto documentos do Word em EPUB (o formato que melhor se dá no meu Sony), o que me proporciona uma leitura diferente dos meus textos. O facto de o original surgir em forma de livro, permite-me mais distanciamento e objetividade. As imprecisões, os erros, ou as frases e passagens mais infelizes, ou mesmo obsoletas, saltam à vista. A melhor maneira de conseguir esse efeito costuma ser imprimir o texto, mas esta alternativa funciona melhor comigo. O eReader pode ser, portanto, uma boa ferramenta de trabalho para um escritor.
Mas, e para tirar notas, do tipo apagar esta frase, substituir esta palavra por outra, etc.? Não é mais fácil fazê-lo em páginas imprimidas? Não. Aprendi a programar notas e a marcar palavras e frases no meu Sony, permitindo-me fazer a revisão dos textos nos locais mais variados, o que também não é de subestimar. Ler um texto nosso num local inabitual ajuda-nos igualmente a ganhar distância.
Agora, uma desvantagem: eu não sabia, mas a quantidade de notas a gravar num eReader é limitada. Estava eu entretida a fazer a revisão do meu novo romance histórico, que será publicado em junho pela Poética, quando me surgiu a indicação: «atingiu o limite de notas, se quiser continuar, terá de apagar outras». Pois, com páginas imprimidas, isto não acontece. Foi aborrecido, porque tinha reservado tempo e fui forçada adiar a revisão. Havia que transferir as correções anotadas para o Word, a fim de poder apagar notas.
Não esquecer a desvantagem "lugar-comum": a bateria do eReader tem de ser recarregada, o que pode apanhar de surpresa os mais desprevenidos!
No conjunto, porém, estou encantada com esta função de "revisor" que arranjei para o meu Sony, que é de fácil transporte e me poupa dinheiro em papel e tinta para a impressora.
Análise interessante.
ResponderEliminarEu ainda continuo arcaico nesta matéria. Como tal, acabei de imprimir um romance completo a fim de o corrigir no papel. Manias velhas.
ABC
Eu estou surpreendida com o efeito desta conversão. Ou será apenas por ter pegado num texto que já não lia há um ano?
ResponderEliminarBoa revisão! ;)
Pois eu, para coisas importantes continuo a usar cadernos e escrevo com lapiseira. Obriga-me a uma maior disciplina e a pensar e repensar. E funciona porque raramente faço emendas. Só depois passo para o computador. Foi assim com o livro da Carolina.No entanto tenho um tablet do tamanho dos ereader onde leio ebooks,escrevo (tem o office)ligo internet,leio noticias e cabe no bolso
ResponderEliminarÀs vezes, também escrevo com lapiseira, quando não tenho mais nada à mão e me surge uma ideia, ou necessito de me libertar de qualquer coisa. Pode calhar bem, mas pode tornar-se um caos ;) Quando tenho várias ideias e receio esquecer alguma, escrevo a grande velocidade e, é claro, depois tenho de emendar, o que transforma a folha de papel num acumulado de gatafunhos que ninguém entende (por vezes, até eu tenho dificuldade).
ResponderEliminarAdmito que me falta essa sua disciplina. E a calma. Prefiro "despejar" tudo primeiro e, só depois, é que vou, mais sossegada (e mais disciplinada) rever o que escrevi.
Por isso, o computador me é tão útil, por mais que emende, o texto apresenta-se sempre limpo. Se tivesse vivido no tempo das máquinas de escrever, teria, decerto, de desenvolver outra técnica...
Eu tenho uma vantagem: não sou escritor. De vez em quando apetece-me escrever e escrevo. Mas só isso. Normalmente escrevo e ordeno quase tudo mentalmente. Só depois passo para o papel ou para o computador. Não tenho compromissos nem prazos.
ResponderEliminarE continuo a preferir ler a escrever.
Quando refere o facto de ereader só permitir um limitado número de notas, talvez tenha a ver com o programa de leitura que utiliza. Sugiro que experimente o Aldiko ou melhor ainda o Bluefire que são gratuitos e consegue facilmente baixar na play store. Não sei qual o limite de notas destes porque nunca os testei nesse aspecto. O bluefire parece-me melhor, mas é apenas uma opinião. Uso-os apenas para ler.
Por causa destas modernices é que desisti da carreira de escritor... quer dizer... foi mais por ser analfabeto.
ResponderEliminarJoão, obrigada pelas sugestões.
ResponderEliminarBartolomeu, houvesse mais analfabetos como tu ;)
Se houvesse... como é que poderiam ter o privilégio de ler os teus belos romances???
ResponderEliminar;)
:-)
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