Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

18 de março de 2014

Inspirações revolucionárias (1)



Levou uma bofetada que lhe pôs a cara à banda. Tentava ainda recuperar o ar, refazer-se do choque, quando o agente repetiu a pergunta. Perante o silêncio dela, saiu nova bofetada e depois outra e mais outra, umas vezes com a palma, outras com as costas da mão. As pancadas sucediam-se, entrecortadas com a pergunta, sempre a mesma pergunta.
Helena deixou de reagir, deixou até de sentir revolta e medo. Os pides não faziam ideia do quanto ela aguentava, de como ela aprendera a anular-se, a desistir de reagir, de pensar, de sentir. De como aprendera a desligar-se do próprio corpo e do mundo. Apanhar bofetadas sem bem saber porquê era-lhe familiar. Crescera assim.


2 comentários:

Daniel Santos disse...

intenso.

Cristina Torrão disse...

Bem o podes dizer, Daniel. Às vezes, não sei se me apetece continuar a escrever sobre o tema. Mas algo me impele a continuar.