Levou uma bofetada que lhe pôs a cara à banda. Tentava
ainda recuperar o ar, refazer-se do choque, quando o agente repetiu a pergunta.
Perante o silêncio dela, saiu nova bofetada e depois outra e mais outra, umas
vezes com a palma, outras com as costas da mão. As pancadas sucediam-se,
entrecortadas com a pergunta, sempre a mesma pergunta.
Helena deixou de reagir, deixou até de sentir revolta
e medo. Os pides não faziam ideia do
quanto ela aguentava, de como ela aprendera a anular-se, a desistir de reagir,
de pensar, de sentir. De como aprendera a desligar-se do próprio corpo e do mundo.
Apanhar bofetadas sem bem saber porquê era-lhe familiar. Crescera assim.
intenso.
ResponderEliminarBem o podes dizer, Daniel. Às vezes, não sei se me apetece continuar a escrever sobre o tema. Mas algo me impele a continuar.
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