Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

15 de julho de 2014

Nada como ler os clássicos... (5)

- Ninguém devera casar sem muito ler e sem aplaudir aqueles preceitos do casamento, escritos pelo eminentíssimo Plutarco.
- Não conheço - disse a dama... - Li Le mariage de Balzac.
- Não sei quem é: deve ser francês.
- Pois não leu?
- Eu não leio francês. Não me chega o meu tempo para tirar águas sujas de poços infectos. Plutarco é oráculo nesta matéria. Um pensamento lhe li que me chegou à medula, e que ainda agora em Lisboa me saiu explicado. Diz ele algures: «Não podem as mulheres convencer-se de que Pasifaé, bem que esposa dum rei, se enamorasse apaixonadamente de um touro; ao passo que estão vendo, sem espanto, mulheres que menosprezam maridos beneméritos e honrados, e se dedicam a homens bestificados pela libertinagem.»

In A Queda dum Anjo, Camilo Castelo Branco


4 comentários:

Bartolomeu disse...

Bom... mulheres casadas que se apaixonam por touros, não me parece nada extravagante. Basta ver o número de mulheres de todos os estados civis, intelectuais, religiosos, etc, que frequentam as praças de toiros e vibram com as lides. Muitas chegam a gritar das bancadas: "Eh toiro lindo"!
Mas a paixão de mulheres por animais, é coisa que vem dos primórdios; começou com Eva e aquela cena com a serpente e perdurou até aos nossos dias, não são raros os casos de senhoras solteiras e casadas que mantêm relações intimas com animais. Nota-se ainda, a avaliar pelo número de casos de violência doméstica, que demasiadas mulheres, partilham a sua existência com perfeitos animais... selvagens.

Cristina Torrão disse...

Mas que salsada, Bartolomeu ;)
Sim, infelizmente há mulheres que partilham a sua existência com perfeitos animais...

Bartolomeu disse...

Infelizmente assim é, Cristina. E, absurdamente, tudo indica que os casos graves se multiplicam a uma velocidade vertiginosa, o que me leva a questionar: será que efetivamente vivemos uma era intelectualmente e socialmente mais evoluída, ou, uma parte significativa de nós regrediu a tempos anteriores à idade das trevas?!

Cristina Torrão disse...

Penso que para certas coisas é indiferente o nível intelectual. Há instintos que nunca se apagarão e, acima de tudo, haverá sempre maus exemplos. Porque parece que a maior parte das pessoas violentas aprendeu essa violência na infância. É como uma corrente transmitida de geração em geração, uma corrente que é dificílimo quebrar.