Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

27 de agosto de 2014

«Quem se lembra hoje do extermínio dos Arménios?» perguntou Hitler

Este ano, assinala-se o 100º aniversário do início da Primeira Guerra Mundial, a guerra das malfadadas trincheiras. Mas a guerra de 1914/18 não foi só feita nas trincheiras, nem causou miséria e mortandade apenas na Europa. Foi igualmente palco de um genocídio perpetrado pelo Império Otomano sobre os Arménios, de que mal se fala nas nossas longitudes, e que provocou a morte de cerca de dois milhões de pessoas.

Durante os primeiros dois anos a seguir à sua entrada na guerra, a 29 de outubro de 1914, a Turquia praticou o extermínio sistemático da minoria arménia, que se alargou a cristãos de outras etnias. O ponto de partida foi a ofensiva falhada no Cáucaso, em fins de 1914 e início do ano seguinte. Os Arménios de determinada província apoiaram os russos neste conflito e, embora a maioria dos restantes se mantivesse do lado dos turcos, foi determinado o seu extermínio. Normalmente, as populações arménias eram sujeitas a marchas forçadas de centenas de quilómetros, ou transportadas em carruagens de gado, e deixadas a morrer à fome e à sede em regiões inóspitas. Muitos deles, porém, foram sumariamente assassinados e muitas mulheres e crianças forçadas à conversão ao Islão.

Nem todos os turcos pactuaram, mas sofreram as consequências. Os governadores de Ankara, Kastamonu e Yozgat, que demostraram resistência a estas práticas, foram demitidos, os de Basra e de Muntefakt chegaram a ser executados.

Apesar da derrota do Império Otomano, aliado da Alemanha e da Áustria, os responsáveis pelo genocídio não sofreram qualquer tipo de consequências. Isto terá inspirado o próprio Hitler que, cerca de 25 anos mais tarde, instado por alguns dos seus colaboradores sobre o possível impacto dos seus planos, terá replicado: «Quem se lembra hoje do extermínio dos Arménios»?

Nota: informações tiradas da KirchenZeitung


3 comentários:

  1. Cristina, diz-se que o grande Homero por vezes dormitava, o que explicará algumas incongruências na sua obra. Também tu te deves ter distraído neste excelente texto: "Muitos deles, porém, foram sumariamente assassinados antes de serem deportados".
    Um abraço deste teu leitor atento.
    JCC

    ResponderEliminar
  2. É verdade, a frase é infeliz, deve ser: foram sumariamente assassinados em vez de serem deportados. Quer dizer, o sentido é: a intenção era deportá-los, mas, antes que o fizessem, resolveram acabar com eles. Escrito assim, porém, é verdade que é um perfeito disparate. Vou corrigir, obrigada.

    ResponderEliminar
  3. Optei pelo "assassínio sumário", sem mais acrescentos. É no que dão as traduções! O texto é resumido e traduzido do alemão.

    ResponderEliminar